Compasso de espera

Cerimonial da Presidência diz que está tudo pronto para a posse de Dilma

Forças de segurança estimam que entre 10 mil a 30 mil pessoas acompanharão a solenidade. Contingente especial foi escalado para impedir manifestações violentas e garantir a ordem

Roberto Stuckert Filho/PR

Dilma: presidenta vai desfilar em carro aberto ao lado do vice, Michel Temer; espaço aéreo será monitorado

Brasília – Com a confirmação de presença de quase 70 missões estrangeiras, contingente de 4 mil servidores de prontidão, esquema especial montado pelas forças de segurança nacional, caravanas de militantes vindas de todo o país (que segundo informações do PT podem chegar a 800 ônibus) e até trechos do discurso vazado por alguns veículos de imprensa, as informações da Presidência da Republica são de que está tudo pronto para a posse de Dilma Rousseff nesta quinta-feira (1º).

Entre as missões estrangeiras, 30 serão encabeçadas por chefes de governo (como os presidentes do Uruguai, Venezuela e Chile) ou vice-chefes (casos dos Estados Unidos e da Argentina) e as restantes, por ministros e outras autoridades, conforme divulgou o Ministério das Relações Exteriores (MRE).

Um cuidado especial está sendo tomado para impedir conflitos entre militantes que pretendem comemorar a posse e possíveis manifestações de protesto de caráter violento, como as que foram observadas nos últimos meses pedindo o retorno do governo militar no país ou o impeachment da presidenta. A área em frente ao Palácio do Planalto ficará protegida por grades de isolamento e o trecho entre o Museu da República, a Esplanada dos Ministérios e o Congresso Nacional, por onde será feito o percurso de Dilma Rousseff e do vice-presidente Michel Temer em carro aberto, será monitorado por helicópteros. Também o espaço aéreo do Distrito Federal será controlado, como acontece em todas as solenidades do tipo.

Preocupações com o DF

Este ano especificamente, os responsáveis pela cerimônia têm demonstrado preocupação com problemas enfrentados pelo Governo do Distrito Federal (GDF) para realização do show de réveillon, que costuma marcar o início das festividades de posse. O atual governador, Agnelo Queiroz (PT), do mesmo partido da presidenta, que deixa a administração em situação deficitária e com dificuldades para pagar o 13º salário dos servidores e salário de dezembro dos terceirizados, chegou a declarar que iria cancelar o evento, mas terminou voltando atrás nos últimos dias.

O temor dos envolvidos na posse de Dilma era de que o problema envolvendo o governo de Agnelo Queiroz impactasse no estímulo às pessoas que se programaram para passar final do ano em Brasília, com o intuito de participar do Réveillon na cidade e, no dia seguinte, acompanhar a posse, levando a várias desistências – mas essa possibilidade terminou sendo descartada.

Segundo os funcionários escalados pela Presidência da República para coordenar a cerimônia, ainda há dúvidas sobre o número de pessoas que vão acompanhar a solenidade na Esplanada, motivo pelo qual o contingente de servidores envolvidos no esquema de segurança trabalha com o número máximo. Estimativas oficiais são de 10 mil a 20 mil pessoas, mas coordenadores de caravanas do PT chegam a falar em 30 mil.

O público poderá ver a passagem da presidenta durante o percurso a ser feito do Palácio da Alvorada até a Catedral de Brasília, em carro fechado, e da Catedral até o Congresso Nacional, em carro aberto. Isso porque, como é tradicional, Dilma e Temer descerão por volta das 14h30 na catedral para trocar de veículo e seguirão num Rolls Royce doado ao país pela rainha da Inglaterra, Elizabeth II. Do Congresso, seguirão para o Palácio do Planalto. Durante todo o trajeto em carro aberto, Dilma será escoltada por motociclistas e agentes de segurança a cavalo.

No último domingo (28), o cerimonial da Presidência realizou um ensaio da posse, com a simulação do percurso feito por servidores que trabalharão no dia – inclusive o motorista que dirigirá o automóvel, Valdeci Ribeiro, a cavalaria da guarda presidencial e representantes das Forças Armadas, polícias federal, civil e militar e agentes do Detran.

Presidentes e vices

Dentre as autoridades já confirmadas estão o vice-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden; o vice-presidente da China, Li Yuanchao; o vice-chefe de governo da Rússia, Alexander Torshin e o primeiro-ministro da Suécia, Stefan Löfven. Assim como os presidentes do Uruguai, José Mujica; do Chile, Michelle Bachelet; da Venezuela, Nicolás Maduro e o primeiro-ministro da Suécia, Stefan Löfven. Embora ainda não tenha assumido o cargo, o presidente eleito do Uruguai, Tabaré Vasquez, também estará em Brasília.

Confirmaram, ainda, presença, diretores-gerais de importantes organismos internacionais, como o da Organização Mundial do Comércio (OMC), Roberto Azevêdo; Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), Irina Bokova; e Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), José Graziano.

Rito cerimonial

Conforme estabelece o rito cerimonial, no Congresso Nacional é que acontecerá a cerimônia oficial de posse e na saída, a presidenta já receberá as honras militares. Do Congresso, ela seguirá para o Palácio, onde subirá a rampa e receberá a faixa presidencial. Em seguida, fará um pronunciamento no parlatório e será cumprimentada pelos chefes de estado. A solenidade de posse terminará com um coquetel oferecido pelo governo brasileiro a convidados no Palácio do Itamaraty.

O coronel Flávio Luciano de Assunção, coordenador do escalão avançado da Presidência da República para a solenidade, informou que a segurança de todo o evento ficará a cargo de tropas das Forças Armadas (Exército, Marinha e Aeronáutica), além de homens das polícias Federal, Civil, Militar e do Corpo de Bombeiros. Está programado que, um dia após a posse, Dilma Rousseff retorne para mais alguns dias de descanso na Base Naval de Aratu, na Bahia, devendo voltar em definitivo para Brasília na segunda-feira (5).

Na semana anterior à do Natal, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho (que deixa o cargo quinta-feira) afirmou que movimentos sindicais e sociais foram convidados pelo PT em todo o país para se organizarem em caravanas. “O importante é que a posse mostre que ela (Dilma) tem legitimidade e apoio popular e, com isso, possa desencorajar eventuais aventureiros que queiram trabalhar a ideia de deslegitimar o governo dela”, declarou Carvalho, ao acrescentar que “a cerimônia de posse terá caráter marcadamente político, no sentido de uma disputa, de uma festa, de uma celebração de uma vitória”.

Com informações de agências