Encontro

Dilma reúne petistas em clima de confraternização e articulação política

Informalidade não esconde preocupações com eleição para a presidência da Câmara. Grupo designado pelo PT vai coordenar reuniões que definirão candidato próprio para disputar com Eduardo Cunha

Roberto Stuckert Filho/PR

Dilma, durante encontro que reuniu parlamentares e governadores do PT, no Palácio da Alvorada

Brasília – Sem discursos oficiais nem orientações partidárias explícitas, o encontro da presidenta Dilma Rousseff com parlamentares, governadores e demais políticos do PT na noite desta quinta-feira (6), no Palácio da Alvorada, teve clima de confraternização e informalidade, mas de conversas isoladas sobressaía um clima de tensão. Chamaram a atenção a repercussão da entrevista concedida poucas horas antes por Dilma a um grupo de jornais e, principalmente, as articulações para a eleição à presidência da Câmara dos Deputados.

“O clima foi de diálogo e de boa receptividade, inclusive nas boas vindas aos deputados eleitos pela primeira vez, mas não dava para disfarçar sobre certos assuntos”, afirmou um deputado ao sair da reunião. Segundo ele, a presidenta conversou em separado com vários dos presentes e circulou pelas mesas, fazendo questão de parar em várias e participar dos bate-papos.

“Tratou-se de um ambiente descontraído, mesmo. Acho que é o bom começo para um diálogo de conteúdo político que virá mais adiante”, frisou o vice-presidente da Câmara, deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP). “Foi um momento importante, ponto alto da relação da presidenta com os deputados, um novo marco da relação dela com o Congresso e a sociedade”, acrescentou o deputado José Guimarães (PT-CE), ex-líder do partido na Câmara. De acordo com ele, a presidenta afirmou que tem um desafio enorme pela frente e que está firme na sua disposição de ampliar esse relacionamento com os parlamentares.

Demandas do Congresso

O presidente nacional do PT, Rui Falcão, que também participou do encontro, disse que essa não é a única reunião com parlamentares petistas organizada pela legenda por estes dias. De segunda-feira em diante, várias outras serão realizadas na Câmara e no Senado para que cada um dos deputados e senadores possam ser ouvidos e colocar suas demandas para a legenda. Falcão também rebateu especulações feitas por repórteres, sobre a declaração da presidenta em entrevista.

Dilma Rousseff tinha falado, horas antes, que ela não representa o PT, “mas o governo brasileiro”, quando questionada se subscreveria a nota oficial divulgada esta semana pelo partido sobre as eleições. “Ela é a presidenta do país, mesmo, está certa. A nota foi do partido e não dela”, explicou o dirigente.

Candidatura própria

Em relação à eleição para a presidência da Câmara dos Deputados, foi dado como certo, entre os presentes ao encontro, que o partido terá mesmo uma candidatura própria e o assunto passou a ser coordenado por uma comissão, integrada informalmente por cinco deputados: o líder do partido na Casa, deputado Vicente Paulo da Silva (Vicentinho), o ex-líder, José Guimarães (CE), os ex-presidentes Marco Maia (RS) e Arlindo Chinaglia (SP) e Geraldo Magela (DF). A eles caberá a realização de reuniões com a bancada para definição de um nome de consenso para a disputa.

Chamou a atenção, durante as conversas sobre o assunto, a sugestão apresentada esta semana pelo governador do Ceará, Cid Gomes, de ser criado um novo bloco de apoio ao governo formado por parlamentares do Pros, PDT, PSB e PCdoB, ideia que está sendo estudada, já, por esse grupo. Seria uma forma de reduzir o poder de fogo do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que é candidato peemedebista à sucessão do deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) e tido como o maior adversário do governo dentro do Congresso, no último ano. Cunha já anunciou que pediu o apoio das bancadas do PTB e PR à sua candidatura.

Os deputados também deram como certa a formalização de uma candidatura de terceira via, que está sendo articulada pela oposição, como movimento cada vez mais forte segundo reuniões observadas nos últimos dias, para evitar a polarização PT-PMDB na disputa. Fazem parte da lista de possíveis candidatos o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) – que em 2015 assume uma cadeira na Câmara – e os deputados Júlio Delgado (PSB-MG) e Miro Teixeira (Pros-RJ).

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