Corrupção em SP

Promotor que sonegou informações sobre ‘trensalão’ será investigado

Solicitação de ação disciplinar contra Rodrigo De Grandis foi feita há quase um ano ao Conselho Nacional do MPF. De Grandis teria protegido executivos de empresas e gestores públicos ligados ao PSDB

MPF

“Falha administrativa” teria contribuído para manter sob o tapete dados dobre o chamado “trensalão tucano”

São Paulo – Está prestes a fazer um ano o pedido de afastamento do Ministério Público Federal e de abertura de ação disciplinar contra o procurador da República Rodrigo de Grandis. A solicitação foi feita por parlamentares do PT na Assembleia Legislativa de São Paulo, depois que se soube que De Grandis não havia enviado informações requeridas por órgãos de investigação da Suíca. A Justiça do país europeu investiga desde a década passada o caso Alstom, envolvendo prática de corrupção da empresa e de integrantes do governo paulista em torno de contratos como o Metrô.

Contratos suspeitos de superfaturamento poderiam ter sido suspensos há muito tempo, segundo o deputado estadual Luiz Claudio Marcolino. “Demorou, mas o importante é que esse processo está sendo retomado”, diz. De acordo com o parlamentar, contratos de multinacionais como Siemens e Alstom com o Metrô e a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) envolvem grande volume de recursos e quanto mais rápida for a apuração do superfaturamento, mais recursos haverá para investir na infraestrutura de transporte público. Ele observa que muitas obras de expansão das vias atrasaram por falta de recursos.

“Então é providencial que o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) tenha aceitado e acatado, agora, nossa solicitação.” O deputado lembra que o não envio das informações por parte do promotor pode ter acobertado práticas de corrupção envolvendo executivos das empresas e também gestores públicos. A investigação, segundo ele, aponta tanto para secretários como pessoas do alto escalão do governo do estado de São Paulo ligados ao PSDB.

O pedido da Suíça incluía buscas na casa de João Roberto Zaniboni, que foi diretor da  CPTM entre 1999 e 2003, governos de Mário Covas e Geraldo Alckmin. No entanto, o procurador, não colaborou, alegando “falha administrativa”, e que o documento havia sido colocado incorretamente em uma pasta de arquivo.

A corregedoria do CNMP interpretou o caso como “violação, em tese”, dos deveres de “cumprir os prazos processuais”, “desempenhar com zelo e probidade as suas funções” e “adotar as providências cabíveis em face das irregularidades de que tiver conhecimento ou que ocorrerem nos serviços a seu cargo”.

Ouça a reportagem de Marilu Cabañas, na Rádio Brasil Atual.