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Metrô de São Paulo destaca vigilantes para reforçar segurança nas plataformas

Homens ficam posicionados ao lado de botões de emergência nas plataformas. Após pane geral em fevereiro, Alckmin acusou 'vândalos' de acionar sistema para boicotar seu governo

Vigilante ao lado de SPAP <span></span>Vigilante na extremidade da plataforma <span></span>Vigilante ao lado de SPAP <span></span>Vigilante ao lado de SPAP <span></span>Vigilante ao lado de SPAP <span></span>Vigilante ao lado de SPAP <span></span>

São Paulo – O Metrô de São Paulo começou a posicionar na última terça-feira (23) segurança patrimoniais terceirizados nas plataformas mais movimentadas do sistema. Os agentes ficam parados ao lado dos SPAPs, sigla para Sistema de Prevenção de Acidentes na Plataforma, totens que abrigam um intercomunicador e um botão que, uma vez acionado, desenergiza os trilhos de três estações – onde foi acionado e nas duas adjacentes – paralisando a circulação de trens.

Procurado para esclarecer o motivo da proteção adicional, o Metrô afirmou, em nota, que “possui contratos com empresas de vigilância patrimonial para diversas instalações da companhia, como prédios administrativos, pátios de manutenção, estações e terminais urbanos”. A empresa disse ainda que “os vigilantes são alocados de acordo com a necessidade”. De acordo com metroviários, os seguranças foram orientados unicamente a tomar conta dos SPAPs até 5 de outubro, dia das eleições.

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“Falamos com esses seguranças”, garante um funcionário da companhia, sob anonimato. “Ele disse que o Metrô pediu reforço pra ficar só até 5 de outubro perto desse ‘poste com telefone’ e pra não deixar ninguém mexer. Perguntamos se era a única orientação, e a resposta foi: É, estranho, mas é só isso.” Na manhã da última sexta-feira (26), a RBA confirmou a presença de vigilantes nas plataformas das linhas 1-Azul, 2-Verde e 3-Vermelha, sobretudo nas estações que interligam o sistema.

Nem todos os SPAPs, porém, estavam protegidos por seguranças. A vigilância se concentrava nos aparelhos localizados nas extremidades das plataformas. Alguns eram guardados por dois agentes. Por volta das 11h, na estação Sé, que interliga as linhas 1 e 3, havia pelo menos seis seguranças ao lado de totens da Linha 3-Vermelha e outros quatro, pelo menos, em SPAPs da Linha 1-Azul. Na estação Luz, que conecta as linhas 1 e 4, ao menos dois. Na estação Paraíso, que liga as linhas 1 e 2, outros três.

Os metroviários acreditam que a presença dos seguranças se deve a uma estratégia eleitoral do governador Geraldo Alckmin (PSDB). “Deve ser uma forma de prevenir possíveis sabotagens, para não prejudicar a campanha”, diz um funcionário. Tanto Alckmin como o secretário estadual dos Transportes Metropolitanos, Jurandir Fernandes, costumam debitar paralisações no sistema a supostas ações de boicote com motivações políticas. Foi o que ocorreu após uma grande falha no início do ano, por exemplo, tendo SPAPs como pivô.

Em 4 de fevereiro, uma pane de portas na composição K07 – pertencente à frota K, a mais problemática do sistema – ocasionou um “efeito em cascata” que paralisou a circulação de trens por cinco horas. Vídeos publicados no YouTube mostram superlotação em vagões, tumulto nas plataformas, usuários andando pelos trilhoseescapando pelas saídas de emergênciae confusão em estaçõesda Linha 3-Vermelha.

De acordo com a companhia, o problema ocorreu às 18h19 na estação Sé e teria sido resolvido oito minutos depois. Por isso, o Metrô coloca a culpa do caos nos usuários, que teriam sido impacientes e acionado os botões de emergência em pelo menos sete composições que vinham atrás do trem que apresentou defeito.

Somados a problemas de tração em outros trens, os defeitos de portas e ar-condicionado acabaram irritando os passageiros, que, devido ao calor e à superlotação, abandonaram os vagões pelas saídas de emergência. Mais tarde, usuários e funcionários acionariam SPAPs, o que provocou a desenergização dos trilhos. Alguns passageiros seguiram viagem caminhando pela via.

Na época, Jurandir Fernandes disse que “alguns exaltados já com todo um ânimo para fazer vandalismo começaram a motivar, incentivar, gritar palavras de ordem, slogans, para que as pessoas pulassem na linha”. O secretário revelou ainda ter achado estranho que sete trens, “num espaço de tempo muito curto”, tiveram os sistemas de emergência acionados. “A gente não sabe se isso foi gerado pelo desconforto ou se foi tramado.”

Na mesma linha, Alckmin mencionou o termo “sabotagem”. “O problema poderia ter sido resolvido em dez minutos, mas, em seguida, quase dez botões de emergência foram acionados quase que simultaneamente”, comentou. “Eu não acredito que essas coisas sejam geração espontânea, acho que precisa ser investigado com seriedade, verificar com câmeras de vídeo qual a origem disso.”

Uma semana depois, Fernandes diria à Folha de S. Paulo que o caos daquela terça-feira havia sido causado pelo acionamento indevido de um “botão secreto”, ou seja, os SPAPs. O Metrô afirma que apenas funcionários sabem de sua existência. No entanto, qualquer usuário pode vê-los sem grandes esforços, pois não ficam escondidos. E agora estão protegidos pelos vigilantes de ao menos uma empresa, G4S Vanguarda, que não respondeu a solicitação de entrevista.

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