padrão Rota

Alckmin leva ‘Batalhão Antiterrorismo’ para mais 39 cidades paulistas

Governador paulista ignora críticas ao modelo violento de policiamento que caracteriza a Rota e se aproxima do discurso de Paulo Maluf

Divulgação/PSDB

Alckmin (ao centro) aposta na ampliação do policiamento como política para garantir votos no interior do estado

São Paulo – O governador de São Paulo e candidato à reeleição, Geraldo Alckmin (PSDB), anunciou hoje (5) o início da operação do 3º Batalhão de Ações Especiais da Polícia (Baep) a partir deste sábado em 39 cidades da região do Vale do Paraíba e Litoral Norte. O “Batalhão Antiterrorismo” vai desenvolver o que o governo chamou de ações de controle de distúrbios civis e de antiterrorismo.

Com mais essa iniciativa, o policiamento inspirado na atuação das Rondas Ostensivas Tobias Aguiar (Rota) chega a 110 municípios paulistas, abrangendo cerca de 7 milhões de pessoas. De acordo com reportagem do jornal O Estado de S.Paulo, de 4 de agosto, Alckmin teria ordenado ao secretário da Segurança Pública, Fernando Grella Vieira, prioridade na instalação dos Baeps para que fossem um trunfo de sua campanha na área da segurança pública, na qual sofre críticas dos principais adversários.

O grupamento recebe treinamento em ações de policiamento de choque e utiliza veículos e equipamentos semelhantes aos da Rota. A função antiterrorismo da PM foi estabelecida em janeiro deste ano e implementada inicialmente na região metropolitana de Campinas e depois na Baixada Santista. No entanto, não há definição legal para o crime de terrorismo no Brasil, e sua inclusão no Código Penal depende da conclusão de debates no Congresso Nacional.

Os Baeps aproximam Alckmin do ideal de segurança pública do ex-governador Paulo Maluf (1979-1982), hoje deputado federal pelo PP –, de policiamento ostensivo. Considerada uma polícia violenta, a tropa de elite foi alvo de extensa pesquisa que culminou no livro Rota 66 – A história da polícia que mata, do jornalista Caco Barcelos. O documento expõe o modus operandi e o número de mortes cometidas por aquele que ficou conhecido como o “esquadrão da morte”.

No governo Maluf, os policiais chegaram a matar uma pessoa a cada 30 horas, em média, chegando a cerca de trezentos assassinatos por ano. Nos início dos anos 1990, o efetivo da Rota aumentou de 250 para 679 homens. Em 1991, com média de três mortes por dia, cerca de mil suspeitos morreram em ações do batalhão. Só nos cinco primeiros meses de 1992, a média passou a quase quatro vítimas por dia. Era início do governo de Luiz Antonio Fleury Filho (PMDB). No mesmo ano ocorreu o massacre do Carandiru, quando 111 presos da Casa de Detenção, na zona norte de São Paulo, foram assassinados após uma rebelião, em 2 outubro.

Após o registro de dez mortes por mês em 2003, os números foram caindo. Porém, voltaram a subir, saindo de quatro por mês em 2007 a oito por mês em 2012.

Saiba mais:

Leia também

Últimas notícias