Pernambuco

PSB diz que corpo de Campos deve chegar a Recife no sábado

IML de São Paulo diz que trabalho de identificação de corpos não tem prazo para terminar. Governador de Pernambuco viaja à capital paulista para acompanhar atividade

Tânia Rêgo/Agência Brasil

A área de isolamento para buscas em Santos é de 130 metros. Várias equipes atuam no local

São Paulo – O corpo de Eduardo Campos, morto ontem (13) em Santos, litoral de São Paulo, devem chegar a Recife, sua cidade natal, no próximo sábado, segundo o presidente do PSB de Pernambuco, Sileno Guedes. Campos ocupava o terceiro lugar na corrida pela presidência da República, com 9% das intenções de voto, segundo a última pesquisa Ibope, e morreu em acidente de avião quando se deslocava para agenda de campanha. 

Na manhã de hoje (14), o governador de Pernambuco, João Lyra, viajou para São Paulo a fim de acelerar os trâmites burocráticos para o traslado do corpo do antecessor.

Além de Campos, morreram no acidente os pilotos Geraldo da Cunha e Marcos Martins, o ex-deputado federal Pedro Valadares Neto, o cinegrafista Marcelo Lira, o fotógrafo Alexandre Gomes e Silva e o assessor de imprensa da campanha Carlos Augusto Leal Filho. Os dois assessores também devem ser velados na sede do governo pernambucano. 

O diretor do Instituto Médico-Legal (IML) de São Paulo, Ivan Miziara, no entanto, afirmou que não há prazo para encerramento dos trabalhos de identificação das vítimas do acidente, já que os corpos foram fragmentados devido ao impacto da aeronave Cessna Citation Excel (560XL) com o solo. Só depois dessa identificação, será possível fazer o enterro.

De acordo com ele, 50 pessoas entre legistas, peritos e técnicos, com acompanhamento da Polícia Federal, participam do trabalho, iniciado ontem à noite. A área de busca por pedaços da avião abrange uma área de 130 metros a partir do ponto de impacto. Até agora, não foi possível o reconhecimento de ninguém.

Por volta das 5h, os bombeiros também encontraram uma carteira com documentos de Eduardo Campos. Ontem, a caixa onde fica gravada a comunicação entre pilotos e torre de controle foi localizada. Será um elemento essencial para o esclarecimento do acidente, cuja investigação não tem prazo para acabar. O avião se chocou com o solo depois de arremeter na base aérea de Santos. O procedimento é considerado normal por pilotos e inclusive a trajetória está prevista nos planos de voo.

A TAM Aviação Executiva, que representa a Cessna no Brasil, informou, por meio de nota, que está à disposição das autoridades brasileiras para prestar “total auxílio” durante as investigações do acidente.

Eduardo Campos nasceu em Recife, em 10 de agosto de 1965 e deixa a esposa, Renata Campos, e cinco filhos: Maria Eduarda, João Henrique, Pedro Henrique, José Henrique e Miguel. Era filho do poeta e cronista Maximiano Campos e neto do ex-governador de Pernambuco Miguel Arraes, cassado durante o golpe de estado de 1964.

Campos formou-se em economia pela Universidade Federal de Pernambuco em 1985. Participou da campanha de Miguel Arraes ao governo de Pernambuco em 1986 e, com a vitória do avô, passou a atuar como chefe de gabinete e organizou a criação da primeira Secretaria de Ciência e Tecnologia do estado.

Filiou-se ao PSB em 1990 e foi eleito deputado estadual no mesmo ano. Disputou sua primeira eleição majoritária em 1992 para prefeitura de Recife, ficando em quinto lugar. Foi deputado federal por Pernambuco por três mandatos consecutivos, entre 1994 e 2007. Em 2004, foi nomeado ministro da Ciência e Tecnologia no primeiro governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2006). Em 2005, assumiu a presidência nacional do PSB.

Foi governador de Pernambuco por dois mandatos consecutivos (2007-2014), com apoio de Lula. Foi reeleito com 82% dos votos em 2010. Em setembro do ano passado, liderou o afastamento do PSB do governo Dilma, com a entrega de todos os cargos na gestão.

Com a morte do candidato à Presidência, a coligação Unidos Pelo Brasil, composta por PPS, PHS, PRP, PPL, PSL e PSB, terá dez dias para escolher outro candidato, caso decida continuar na disputa eleitoral que ocorre em outubro.

A ex-ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, era a vice com maior projeção entre os candidatos mais bem colocados. Ela se filiou ao PSB em outubro, depois que a Rede Sustentabilidade, sigla que vinha gestando desde 2013, não conseguiu comprovar a validade das assinaturas necessárias para ser oficializado.

Candidata em 2010, Marina obteve 19,33% de votos, o equivalente a pouco mais 19,6 milhões, e era bastante conhecida da população. Segundo reportagem do jornal Folha de S. Paulo do último sábado (9), Marina protagonizaria o primeiro programa eleitoral gratuito na TV, no próximo dia 19. Ela explicaria ao público por que não era candidata e apresentaria Campos.

A Unidos Pelo Brasil, no entanto, pode escolher qualquer outro nome ligado aos partidos ou até não prosseguir na disputa. Nesse caso, poderia se juntar oficialmente a outras coligações, provocando a redivisão dos tempos de propaganda de TV.

Com informações da Agência Brasil

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