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Para analistas, Marina Silva é caminho natural na sucessão de Campos

Ainda há dúvidas, no entanto, se ela conseguirá angariar votos e se desequilibrará a balança para o lado de Dilma ou de Aécio

psb/fotos públicas

Os analistas indicam possíveis dificuldades que a candidatura de Marina pode enfrentar

São Paulo – Os cientistas políticos Aldo Fornazieri e Paulo Vannuchi acreditam que o caminho natural para a sucessão de Eduardo Campos nas eleições presidenciais de 2014 após o acidente de avião que vitimou o candidato do PSB na manhã de ontem (13), em Santos, é a candidatura de Marina Silva, da Rede Sustentabilidade. Ambos falaram na manhã de hoje (14) à Rádio Brasil Atual.

Fornazieri afirmou que apesar de a candidatura de Marina ser o “caminho natural” que o PSB deva seguir, ela pode afastar apoiadores do partido. Apesar da força que alcançou nas últimas eleições presidenciais, com 20%, Aldo analisa que votos “não são coisas estocáveis para campanhas futuras”. Além disso, ele observa que existem diferenças políticas entre a Marina de 2010 e a de agora.

Vannuchi concordou que Marina é a “tendência natural” porque “tem um potencial de votos enorme”. Ele lembrou que Dilma tem vantagem nas pesquisas de intenção de voto, mas que “60% dos entrevistados querem mudança”.

“Quando um eleitorado quer mudança, a tendência é votar na oposição. A Marina tem o potencial de voto alto, chegou a ter 20% nas últimas eleições e tem o recall dos eleitores por ter participado das eleições anteriores.”

No entanto, os analistas consideram que, embora seja possível falar em tendências, é cedo para fazer projeções consistentes sobre o cenário das eleições presidenciais diante da morte de Campos. “É preciso deixar que o tempo decante essa tragédia e ver como os autores vão se posicionar. Acho que a questão principal é se a coligação entre a Rede e o PSB vai continuar”, avalia Fornazieri. Para ele, o “desejável” é que a aliança entre os partidos continue para a parte da sociedade brasileira que não se sente contemplada com o que expressam PSDB e PT, e identificava Campos como uma alternativa.

“Marina deu determinados passos que descontentaram parte da militância da Rede. Em 2010, ela capturou a atração dos jovens e me parece que hoje eles estão muitos mais arredios à política institucional”, argumenta Fornazieri. As manifestações de rua de junho de 2013 são apontadas pelo especialista como um marco que mudou a avaliação da juventude sobre a política. Aldo sugere que os processos eleitorais são compreendidos pelos jovens como incapazes de realizar mudanças significativas na estrutura da sociedade.

“Nesse sentido é que me questiono se a Marina vai ter a capacidade de atrair o apoio dos jovens como ela teve em 2010”, diz. Outro aspecto de dificuldade para a candidatura de Marina citado pelo analista é o impacto que a morte de Campos terá no estado de São Paulo. Ele ressalta o apoio que Eduardo recebeu do governador Geraldo Alckmin (PSDB) e a resistência de Marina a “subir no palanque de Alckmin”.

Para Vannuchi, Marina não vinha conseguindo transferir o prestígio para Eduardo Campos, que se mantinha com menos de 10% das intenções de votos nas pesquisas eleitorais. “Se ela for realmente a candidata, o quadro se altera para que lado? Os grandes articulistas, como a oposição que são, apontam problemas para Dilma. Pode haver, sim, como pode haver problemas para Aécio. De fato, o quadro eleitoral terá, sim, mudanças, mas nem as pesquisas dos próximos dias poderão ser entendidas, porque o cenário é de choque emocional e ele demora alguns dias para se transformar em vontade política.”

Já Fornazieri avalia que o PSB não tem um líder interno capaz de substituir a projeção de Campos e, nesse sentido, é natural que o partido indique Marina. “O Eduardo Campos é insubstituível não só na chapa, mas também pelo o que representava na inovação da política brasileira. Ele era inovador pelo que ele já fez e por aquilo que expressava”, reflete. Para o especialista, a perda do ex-governador de Pernambuco compromete a democracia de um país carente de lideranças políticas.

Com relação a quem pode ser o vice de Marina, Aldo avalia que Luiza Erundina não é uma possibilidade e que o PSB deve procurar um perfil da chapa que agregue o que Campos representava.

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