Eleições 2014

‘Não dou importância ao que pensa e diz o senador Romero Jucá’, diz senadora petista

Angela Portela, candidata do PT em Roraima, rebate senador do PMDB que declarou voto em Aécio Neves e afirmou que Dilma deveria governar Albânia. Partido critica elite representada pelo parlamentar

Geraldo Magela/Senado

Destituído da liderança do governo, Jucá agora se alia a Aécio e contraria orientação do PMDB nacional

São Paulo – A senadora Angela Portela (PT-RR), candidata ao governo de Roraima pela coligação “É Pra Frente Que Se Anda”, rebateu as declarações do senador Romero Jucá (PMDB-RR), que na semana passada afirmou que votará no colega de Senado Aécio Neves (PSDB-MG) para presidente, embora seja integrante da base aliada do governo de Dilma Rousseff (PT) e integrante do partido que ocupa a vice na disputa pela reeleição.

“Jucá possui no Senado um histórico de defesa de interesses contrários aos dos trabalhadores. A melhor coisa que podemos fazer pelo PT e pela presidenta Dilma é derrotá-lo nas urnas em Roraima, para que seu apoio não lhe seja mais necessário em Brasília”, disse Angela Portela. Rodrigo Jucá, filho do senador, disputa a eleição em Roraima como vice na chapa do governador Chico Rodrigues (PSB).

“Nós tínhamos duas opções de voto: o Aécio e o Eduardo. Hoje, perdemos uma. Então, na verdade, eu não quero forçar ninguém, mas eu vou falar o meu voto. Eu vou votar no Aécio porque eu, do que tem, é talvez o que tenha um pouco mais de condição de mudar essa linha de pensamento que eu acho que não combina com o Brasil”, declarou Romero Jucá em palestra proferida no Conselho Regional dos Economistas de Roraima (Corecon), em Boa Vista, quando criticou a política econômica do governo Dilma Rousseff.

Segundo os comentários que circulam no Senado, o senador peemedebista estaria na verdade manifestando uma “mágoa” pelo fato de o PT não ter fechado em Roraima um acordo com o PMDB para apoiar Rodrigo Jucá ao governo ou a chapa na qual ele é vice. Jucá foi líder do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no Senado de 2006 a 2010. Depois, foi líder de Dilma, mas, em 2012, acabou substituído pelo senador Eduardo Braga (PMDB-AM).

“Não dou importância ao que pensa e diz o senador Romero Jucá. Minha candidatura é fruto do nosso trabalho, como secretária de estado, deputada federal e senadora e jamais existiu a possibilidade de apoiarmos uma candidatura que representa a consolidação de uma oligarquia que está deixando Roraima presa ao passado, ao atraso”, acrescenta a senadora petista de Roraima.

O presidente do PT no estado também se manifestou sobre a polêmica. “A elite do poder roraimense, que detém o controle dos meios de comunicação, sempre atacou o PT e aproveitou-se da comoção criada quando o Supremo Tribunal Federal determinou a demarcação da reserva Raposa Serra do Sol para ampliar isso. Porém, nas ruas, não sentimos a rejeição ao partido que os adversários tentam impor, tanto que pesquisa Ibope da semana passada mostra uma liderança consolidada da presidenta (Dilma) no estado”, diz o presidente estadual do PT em Roraima, Titonho Beserra.

Beserra questiona o empenho de “aliados” nas campanhas à presidência da República anteriores. “A má votação do presidente Lula em 2006 e da presidenta Dilma em 2010 se deve em parte ao fato de que os aliados que, teoricamente, estariam fazendo sua campanha aqui ao lado do PT jamais o fizeram na realidade”, declarou.

Em 2010, a então candidata Dilma Rousseff teve 33,44% dos votos em Roraima, contra 66,56% do tucano José Serra. Em 2006, Lula teve 38,51%, e seu adversário na época, Geraldo Alckmin (PSDB), 61,49%.