Consequências

Filho de Campos diz que vai trabalhar pelos ideais do pai

Renata Campos, viúva de Eduardo, pediu que a missa do velório seja realizada em praça pública; irmão manifesta posição por candidatura de Marina à Presidência da República

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João Campos, de 20 anos, demonstrou interesse em seguir os passos do pai dois anos atrás

Brasília – Ainda em choque com a morte do pai, o jovem João Campos, filho homem mais velho de Eduardo Campos e tido como herdeiro político, disse há pouco, por meio do primo Joaquim Pinheiro, que pretende trabalhar para que a bandeira do pai tenha seguimento, ressaltando que “os seus ideais são o futuro do Brasil.”

João Campos, de 20 anos, demonstrou interesse em seguir os passos do pai dois anos atrás e participava de vários encontros políticos nos últimos tempos. O nome dele tinha sido, inclusive, cogitado para uma candidatura a deputado estadual nestas eleições – o que logo depois foi descartado. “Perdi um pai e um líder, mas tem que se dar um jeito para que a bandeira dele não caia porque os ideais dele são o futuro do Brasil”, disse.

Joaquim Pinheiro, o primo, afirmou que a família ainda está perplexa, uns tentando ajudar os outros para entender o momento. “Estamos procurando não perder o chão”, contou, em entrevista ao jornal Diário de Pernambuco.

O arcebispo de Olinda e Recife, Dom Fernando Saburido, que esteve na casa da família Campos para levar as condolências, definiu a esposa de Eduardo Campos, Renata, como uma pessoa que estava “sofrida, mas serena.”

População

A mulher do presidenciável pediu, nesta manhã, que a missa a ser realizada durante o velório ocorra em frente ao Palácio do Campo das Princesas, na Praça da República, no Recife, para que possa ser assistida por toda a população que vá até o local. Já se sabe, também, que o corpo do ex-governador será levado em carro aberto do palácio até o cemitério de Santo Amaro, bairro central da cidade.

Renata Campos agradeceu há pouco, por meio do prefeito do Recife, Geraldo Júlio, às mensagens de solidariedade enviadas à família.

A residência dos Campos continua cercada por jornalistas e populares que se amontoam no local desde a notícia do acidente, onde entram e saem, constantemente, políticos, amigos e correligionários.

Também é grande a movimentação de pessoas em frente ao Palácio do Campo das Princesas, sempre em busca de informações sobre quando chegará o corpo do ex-governador e iniciado o velório

Eduardo Campos será enterrado no mesmo jazigo onde está sepultado o avô, o ex-governador de Pernambuco, Miguel Arraes. Além dele, o acidente com a aeronave Cessna provocou a morte de outras seis pessoas: o assessor direto e ex-deputado federal Pedro Valadares, o assessor de comunicação Carlos Percol, o cinegrafista Marcelo Lira, o fotógrafo Alexandre Severo e os pilotos Marcos Martins e Geraldo da Cunha.

Carta

Antônio Campos, irmão de Eduardo e membro do diretório nacional do PSB, publicou hoje uma carta em que lamenta a perda, agradece o apoio recebido pela família, mas também externa a posição pessoal de que Marina Silva substitua Campos e seja a candidata do partido à Presidência da República. “Tenho convicção que essa seria a vontade de Eduardo”, garante.

Leia a íntegra da nota:

Não vamos desistir do Brasil

A minha perda afetiva do único irmão é imensa, mas é grande a perda do líder Eduardo Campos, politico de talento e firmeza de propósitos.

A nossa família tem mais de 60 anos de lutas políticas em defesa das causas populares e democráticas do Brasil. O meu avô Miguel Arraes foi preso e exilado, não se curvando à ditadura militar. Eduardo Campos continuou o seu legado com firmeza de propósitos, tendo trazido uma nova era de desenvolvimento para Pernambuco. Desde 2013 vinha fazendo o debate dos problemas e do momento de crise por que passa o Brasil, querendo fazer uma discussão elevada sobre nosso país. Faleceu em plena campanha presidencial, lutando pelos seus ideais e pelo que acreditava.

O mundo está nas mãos daqueles que têm coragem de sonhar e de correr o risco para viver os seus sonhos pessoais e coletivos. Ambos faleceram, no dia 13 de agosto, e serão plantados no mesmo túmulo, no Cemitério de Santo Amaro, em Recife, túmulo simples, onde consta uma lápide com a frase do poeta Carlos Drummond: “tenho duas mãos e o sentimento do mundo”. Essas sementes de esperança e de resistência devem inspirar uma reflexão sobre o Brasil, nesse momento, para mudar e melhorar esse país, que enfrenta uma grave crise, sendo a principal dela a crise de valores. Não vamos cultivar as cinzas desses dois grandes líderes, mas a chama imortal dos ideais que os motivava.

Como filiado ao PSB, membro do Diretório Nacional com direito a voto, neto mais velho vivo de Miguel Arraes, presidente do Instituto Miguel Arraes – IMA e único irmão de Eduardo, que sempre o acompanhou em sua trajetória, externo a minha posição pessoal que Marina Silva deve encabeçar a chapa presidencial da coligação Unidos Pelo Brasil liderada pelo PSB, devendo a coligação, após debate democrático, escolher o seu nome e um vice que una a coligação e some ao debate que o Brasil precisa fazer nesse difícil momento, em busca de dias melhores. Tenho convicção que essa seria a vontade de Eduardo.

Agradeço, em nome da minha família enlutada, as mensagens do povo brasileiro e de outras nacionalidades.

Antônio Campos