Tragédia em Santos

Avião de Campos tinha apresentado problemas durante voo e piloto reclamou de cansaço

Ministério da Aeronáutica e parlamentares ligados ao presidenciável tentam reunir informações que apontem quais foram as causas do acidente

Tânia Rêgo/Agência Brasil

Local onde caiu avião de Campos, no Boqueirão, em Santos. Problema anterior desperta suspeitas

Brasília – Na manhã de hoje (14), duas notícias chamaram a atenção de parlamentares e membros do Executivo que estão acompanhando com atenção o que possa vir a ser constatado como causa do acidente que tirou a vida de Eduardo Campos e de sua equipe, em Santos, no litoral paulista, ontem pela manhã. A primeira foi a confirmação de que o avião que conduzia Campos já tinha apresentado problemas no Paraná, no último dia 16 de julho. A outra foi a descoberta de postagem feita pelo piloto do avião, em redes sociais, dias atrás, dizendo que se sentia muito cansado.

No caso do problema no avião, a empresa de Infraestrutura Aeroportuária, Infraero, ratificou informação passada, durante entrevista, pelo deputado estadual paranaense Rafael Quinteiro, segundo a qual a aeronave modelo Cessna 560XL, prefixo PR-AFA tinha apresentado, sim, defeitos na ignição durante a decolagem no Aeroporto Governador José Richa, em Londrina.

Mudança de percurso

Naquela data, há quase um mês, Campos e Marina Silva foram até a cidade paranaense para cumprir compromissos da agenda política, ocasião em que se reuniram com políticos do estado. E, em função do problema, tiveram de se deslocar de carro até a cidade de Maringá. A assessoria de imprensa da Infraero, contudo, não confirmou nenhuma informação sobre ter tomado conhecimento de algum relato de falha da aeronave, mas apresentou registros sobre o percurso do voo no mesmo dia, no Paraná.

O deputado Quinteiro contou, também, que ele e vários correligionários aguardaram o então candidato à presidência pelo PSB em Maringá, no aeroporto da cidade. E, em função do episódio, todo o roteiro foi alterado. Ao final do evento em Maringá – uma palestra no clube de diretores lojistas do município – Eduardo Campos e Marina Silva seguiram viagem até o Rio de Janeiro em outro avião, que foi providenciado pelos mesmos proprietários do jatinho Cessna: a empresa AF Andrade Empreendimentos e Participações, de Ribeirão Preto, interior paulista.

Caixa-preta

O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes da Aeronáutica, localizado em Brasília, recebeu, na madrugada, a caixa-preta do avião e já deu início às investigações. Um dos técnicos afirmou que os equipamentos estão bastante danificados. A assessoria do ministério divulgou, também, que parte do material deve ser encaminhado para São José dos Campos ainda hoje, em prosseguimento à apuração, porque os trabalhos serão realizados conjuntamente por técnicos de lá e de Brasília.

Está sendo levada em conta, ainda, a situação dos pilotos durante o acidente. Um deles, Marco Martins, chegou a desabafar em redes sociais no último dia 8 que estava cansado de voar, diante da grande quantidade de deslocamentos por conta da campanha. A princípio, as péssimas condições climáticas sobre a cidade de Santos durante o voo são apontados como as mais prováveis causas do acidente.

Além do ex-governador pernambucano Eduardo Campos, faleceram outras seis pessoas que estavam na aeronave: os assessores Pedro Neto e Carlos Leal Filho, o fotógrafo oficial da campanha, Alexandre Severo, o operador de câmara Marcelo Lyra e os dois pilotos da aeronave, Marco Martins e Geraldo Cunha. O irmão de Campos, Antonio Campos, chegou ao Instituto de Medicina Legal (IML) em São Paulo nesta manhã, acompanhado do governador de Pernambuco, João Lyra, para acompanhar os trabalhos de reconhecimento dos restos mortais das vítimas.