Tem Baep na rua

Alckmin cria 3º batalhão antiterrorismo da PM, ‘trunfo’ tucano para a propaganda eleitoral

Apenas 20 dias depois de inaugurar o 2º batalhão antiterrorismo, em Santos, Alckmin expande novo braço da PM. Campanha tucana deve anunciar unidades como 'a Rota do interior' na TV

Vagner Campos/ GESP

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, inspeciona batalhão da Polícia Militar no interior

São Paulo – O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), assinou hoje (8) o decreto de criação do terceiro Batalhão de Ações Especiais de Polícia (Baep) da Polícia Militar, com sede em São José dos Campos. O agrupamento, que recebe treinamento de policiamento de choque, se distingue das demais “tropas de elite” da Secretaria de Segurança Pública por suas atribuições de “ações de controle de distúrbios civis e de antiterrorismo”, modalidade inédita de operações da PM inaugurada em janeiro deste ano, com a criação do 1º Baep – mesmo que não haja definição legal para o crime de terrorismo, cuja inclusão no Código Penal depende da conclusão de debates no Congresso Nacional.

O 3º Baep estará presente em 39 municípios na região de São José dos Campos, inclusive Pindamonhangaba, terra natal de Alckmin. O 2º Baep, de Santos, tem jurisdição sobre 33 municípios da Baixada Santista e do Vale do Ribeira, enquanto o 1º batalhão, com sede em Campinas, cobre outros 38 municípios. Com batalhões antiterrorismo ativos em 110 municípios do estado, 17% das 645 cidades paulistas passam a contar com as novas unidades em apenas seis meses a partir da inauguração do primeiro agrupamento. Entre a criação do segundo e do terceiro Baeps transcorreram apenas 20 dias.

A pressa para a implementação dos batalhões antiterrorismo pode ter motivação eleitoral: de acordo com o jornal O Estado de S.Paulo, Alckmin teria ordenado ao secretário de Segurança Pública, Fernando Grella, prioridade na instalação dos Baeps para que eles sejam um “trunfo” da campanha tucana na área da segurança: a ideia do marketing eleitoral tucano é divulgar os batalhões como a versão do interior da Ronda Ostensiva Tobias de Aguiar (Rota), notória pela truculência com que aborda suspeitos e detém criminosos. 

A segurança pública é considerada pelos adversários de Alckmin na campanha para governador de São Paulo como calcanhar de aquiles da gestão do PSDB, que busca reafirmar o discurso de que o partido tem “pulso firme” contra a criminalidade. A primeira iniciativa agressiva da propaganda tucana nesse sentido foi a criação do site “SP contra o crime”, cuja página principal exibe abaixo-assinado pela redução da maioridade penal. Até as 18h desta sexta-feira (8), 842 pessoas haviam se manifestado favoravelmente ao projeto.

A RBA procurou Edson Aparecido, coordenador de campanha de Geraldo Alckmin, para confirmar a informação sobre como o Baep será apresentado à população paulista, mas não obteve retorno. A reportagem acionou ainda a assessoria de imprensa da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, mas, a exemplo das reportagens produzidas sobre o Baep desde janeiro, não recebeu retorno aos questionamentos feitos ao governo estadual. Seguem sem resposta aspectos importantes da atuação dos Baeps, como, por exemplo, se as unidades antiterroristas já atuaram ou atuarão em manifestações de movimentos sociais.

De acordo com o balanço da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, o número de roubos no estado de São Paulo cresceu 29,48% entre janeiro e junho deste ano em comparação ao mesmo período de 2013. O número de roubos também cresceu em todo o estado. Segundo a SSP, foram registrados 25 mil casos de roubos, alta de 14,7% em relação a junho de 2013. A secretaria comemorou, no entanto, o dado de que esta foi a primeira vez no ano que o aumento nas ocorrências de roubos ficou abaixo dos 15%.

Considerando apenas a capital paulista, os casos de roubo cresceram 21% em junho, configurando o 13º mês consecutivo em que esse tipo de crime cresceu na capital. Também na capital a SSP aponta que seu sucesso foi reduzir o crescimento desse tipo de ocorrência, que, pela primeira vez em 2014, cresceu menos de 25%.

Os homicídios apresentaram queda de cerca de 10% no estado no mesmo período, mas recorte de dados realizado pelo Instituto Sou da Paz revela uma realidade alarmante: as mortes causadas por policiais disparou no estado em 2014. Os dados mostram que policiais militares em serviço mataram 156 pessoas no Estado entre janeiro e março, um aumento de 132,8% em relação ao ano passado. Na capital, foram 85 mortes no período, contra 29 na mesma base de comparação de 2013, o que indica um aumento de 193,1%. Já o na região metropolitana de São Paulo, a alta de mortes causadas por policiais foi de 546%, passando de 13 no primeiro trimestre de 2013 para 84 no mesmo período de 2014. No interior, o amento foi menos expressivo: 48%.

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