Eleições 2014

‘Copa do Mundo’ de Alexandre Padilha começa hoje, diz Lula

Em ato realizado no centro de São Paulo, ex-presidente da República lembra que em junho de 2012 o então candidato Haddad tinha 3% das intenções de voto. Padilha iguala Alckmin e Skaf

Paulo Pinto/ Analítica

Ex-presidente e candidato petista ao governo de São Paulo, Alexandre Padilha, em ato político na praça da Sé

São Paulo – A campanha de rua do ex-ministro da Saúde, Alexandre Padilha, ao governo do estado de São Paulo pelo PT começou hoje (18) com um ato político na praça do Patriarca, centro da capital paulista, seguido de uma caminhada até a praça da Sé, onde o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um discurso de quase 25 minutos. “A verdade é que a Copa (do Mundo) do Padilha começa agora”, disse Lula. Ele minimizou a pesquisa Datafolha divulgada ontem, segundo a qual o governador Geraldo Alckmin (PSDB) tem 54% das intenções de voto, contra 16% de Paulo Skaf (PMDB) e 4% de Padilha.

“Nessa mesma época do ano, em junho (de 2012), esse moço aqui (Haddad) tinha 3% de intenção de voto na pesquisa para prefeito de São Paulo. E quem virou prefeito foi quem tinha a melhor proposta para governar São Paulo”, afirmou. “Em junho de 1989 eu tinha 2,75% e fui ao segundo turno. Nós temos a melhor possibilidade, desde que o PT foi fundado, de ganhar as eleições no estado.”

Em seu discurso, Lula elogiou medidas da administração do prefeito Fernando Haddad (como Bilhete Único Mensal, a suspensão da aprovação continuada e os corredores de ônibus) e, ao mesmo tempo, cobrou mais agressividade da administração para divulgar suas iniciativas. “É preciso explicar à população o que está acontecendo. Não fique esperando que a Folha de S. Paulo fale bem de você, que o Estadão vá falar bem de você. É você que tem que falar bem de você, que tem que divulgar as coisas que a prefeitura faz. Eu não acredito que tenha um prefeito de São Paulo que em um ano meio tenha feito o que você já fez”, disse Lula.

Com a defesa da gestão de Haddad feita pelo ex-presidente, ele procura desmentir a avaliação negativa do prefeito feita por institutos de pesquisa e ao mesmo tempo introduz Padilha como um candidato capaz de transformar o estado. “Eu falei do Haddad pra poder falar do Padilha. Nenhum de nós que concorreu nas eleições para o governo, inclusive eu, que fui candidato em 1982, tem a mesma competência que tem Padilha pra cuidar do estado de São Paulo.”

Padilha criticou o governador Geraldo Alckmin e também o peemedebista Paulo Skaf. “De um lado estão aqueles que governam São Paulo há 20 anos; do outro, os que governaram 20 anos antes. E os dois têm uma coisa em comum: pra eles, o movimento sindical tem que ser tratado através do tiro, da porrada e da bomba”, atacou. Ele também dirigiu críticas ao problema da água na Grande São Paulo e à falta de investimentos do governo tucano no setor.

“Quem é nordestino sabe que nem um açude no sertão seca com uma seca de seis meses. O Cantareira não é um açude, são seis represas juntas. Não me venha o governador que governa este estado há 20 anos dizer que foi a seca que secou o Cantareira. Faltaram as obras e os técnicos da Sabesp avisaram o governador”, lembrou Padilha. “Queremos governar este estado pra fazer em quatro anos o que os tucanos não fizeram em 20, para que São Paulo tenha a garantia de água.”

Lula também falou da crise da água. “Os tucanos já estão no poder há mais de 20 anos e nem água para beber eles estão garantindo ao povo de São Paulo. Eu não sei quantos banhos por dia está tomando o governador, mas tenho certeza de que na periferia as pessoas não estão tomando banho pra ter água pra lavar roupa das crianças e poder lavar louça depois do almoço”, disse. “Se ele não sabe disso, é importante alguém contar. Imagino se fosse um governador do PT aqui em São Paulo o que a imprensa já teria feito com esse governador.”

Padilha se comprometeu a democratizar várias instâncias de governo do estado de São Paulo. “Eu quero ser governador para acabar com a aprovação automática nas escolas do estado”, afirmou. “Não vou descansar enquanto o acesso a moradia não for para todos os paulistas”, prometeu. “Nós queremos São Paulo livre do preconceito, da violência, onde as pessoas tenham os direitos garantidos”, declarou, dirigindo-se ao movimento LGBT.

Lula voltou a cutucar Haddad, “o melhor ministro da Educação que este país já teve”, sobre a questão da comunicação. “Se você depender do noticiário na imprensa… Você tem que criar o seu próprio noticiário para que eles, mesmo não falando bem de você, não mintam a respeito das coisas que você vai falar e vai fazer.”

O ex-presidente disse que “o exemplo mais forte disso foi a Copa do Mundo, a coisa mais importante que aconteceu neste país nos últimos anos”.  “Quinze dias antes da Copa, aqueles que levantam de manhã azedos, e que vão dormir azedos não acreditando em nada, falavam quer não ia ter Copa, que os estádios não iam ficar prontos, que os trens e o metrô não iam funcionar, que não ia ter segurança. O que aconteceu foi que 93% do povo brasileiro gostou da Copa e os estádios todos estiveram lotados.”

Ele também lembrou as vaias e xingamentos dirigidos à presidenta Dilma Rousseff durante a Copa do Mundo. “Aqueles de sempre, os que foram contra nós em 1982, em 1986, 90, 94, 98, 2000, 2002, 2006, foram aqueles os mesmos que falaram os palavrões para ofender a nossa presidenta das República”, afirmou Lula.

Corrupção

O ex-presidente da República mencionou um tema que, segundo ele, “é delicado para nós”, a corrupção, mas que precisa ser discutido e enfrentado. “Eles (tucanos) vivem dizendo que o PT é corrupto, e a gente baixa a cabeça. Se alguém nosso errar, tem que pagar o preço. Esse é um tema delicado para nós, que a gente gostaria de não discutir. Mas eu estou disposto a discutir em qualquer lugar, porque nenhum deles chega perto de nós em termos de cuidar do patrimônio público”, disse. “Nós temos que debater a corrupção neste país. Eu desafio eles a provarem se algum presidente da República criou mecanismos de investigação, de apuração e de mandar prender corruptos como eu criei em oito anos. No tempo deles tinha um tapete muito grande para jogar a sujeira embaixo e ela não aparecia.”