Reunião

Com Dilma, Bom Senso FC propõe fiscalização e punição a clubes devedores

Grupo teve reunião com presidenta e integrantes do Ministério do Esporte no Planalto e apresentou sugestões de gestão e democratização do esporte no país

Roberto Stuckert Filho/Planalto

Movimento pediu à presidenta Dilma apoio para garantir participação de atletas em decisões de gestão no esporte

Brasília – Um grupo formado por atletas e ativistas do movimento Bom Senso Futebol Clube discutiu com a presidenta Dilma Rousseff, nesta segunda-feira (21), durante reunião no Palácio do Planalto, a reestruturação e a democratização do esporte para garantir a participação dos atletas em decisões de gestão. O movimento defende as boas práticas administrativas dos clubes e federações de futebol. Os integrantes aproveitaram para fazer reclamações pontuais em relação ao segmento esportivo, além de propor que haja mais fiscalização e punições para clubes que não pagarem as dívidas, por meio de alterações no projeto de Lei de Responsabilidade Fiscal do Esporte, em tramitação no Congresso Nacional.

Os participantes do encontro expuseram para a presidenta Dilma e representantes do governo, por exemplo, a queixa sobre o fato de os clubes de futebol que aderem ao sistema para sanear as dívidas do setor ainda apresentarem déficits nas contabilidades.

Conforme a avaliação do movimento, tais agremiações não poderiam apresentar déficit superior a 10% da renda total nos dois primeiros anos após esse período. Eles sugeriram que, a partir do quinto ano de inclusão no sistema, não mais deveriam ser aceitas quaisquer situações deficitárias, mediante a possibilidade de punições, como pagamento de multas e perda de pontos nos torneios e campeonatos.

“Queremos democratizar, dar voz ao corpo de atletas e aos árbitros para mudar ou influir nas decisões importantes do esporte. A visão de pessoas diferentes precisa dar um novo ar ao contexto do futebol. Queremos colocar propostas de melhoria na CBF (Confederação Brasileira de Futebol) e que o projeto seja feito da melhor forma possível”, afirmou o diretor-executivo do Bom Senso, Ricardo Borges Martins – durante a entrevista coletiva concedida pelos representantes da entidade e do Executivo logo após o encontro.

Poderes do governo

O secretário Nacional de Futebol do Ministério do Esporte, Toninho Nascimento, afirmou que o governo vai encomendar um estudo para avaliar o impacto da presença dos empresários no futebol brasileiro. O resultado desse trabalho deverá nortear um plano a ser apresentado posteriormente, que receberá propostas de mudanças sugeridas pelo setor.

Nascimento salientou que, apesar do interesse por parte do Planalto de ouvir os pleitos dos atletas, a questão da democratização da CBF extrapola os poderes do governo. “A Constituição proíbe intervenção na CBF, porque pressupõe a suspensão do Brasil nas competições internacionais. O que vamos avaliar é se, juridicamente, é possível ou não tomar alguma iniciativa. Por isso, estamos tentando pôr em pratica formas de democratização na entidade”, explicou.

O secretário fez um apelo para que, neste momento, em que o governo tenta ouvir e ajudar na concretização das reivindicações dos atletas, não sejam levados em consideração os resultados da seleção brasileira durante a Copa do Mundo como foco do problema (cujo fraco desempenho foi considerado pelos integrantes do Bom senso consequência da estrutura ruim do futebol no país).

Nascimento ressaltou que o mais importante “é a busca da renovação do futebol e o enfrentamento de problemas diversos denunciados todos os dias, como o aliciamento de crianças e jovens por empresários”. “A renovação do futebol é mais importante. Crianças e jovens estão sendo aliciados por empresários. É hora de não fortalecer os empresários. Vamos analisar a relação empresário-clube”, deixou claro.

Segundo encontro

Este foi o segundo encontro dos representantes do movimento Bom Senso FC com a presidenta Dilma e teve a participação, dentre os atletas mais conhecidos, do goleiro Dida, Ruy Cabeção e o diretor de futebol do Vasco, Rodrigo Caetano, entre outros.

O objetivo, segundo destacaram os participantes, é a avaliação da situação dos atletas e o relacionamento deles com os clubes de futebol neste período pós Copa do Mundo. Ao mesmo tempo, os atletas querem discutir propostas de mudança, como um novo calendário e regras mais rígidas para garantir a transparência nas relações econômicas, de forma a resolver problemas observados em relação a muitos jogadores que sofrem com atrasos nos pagamentos de salários pelos clubes.

Dentre os itens discutidos durante a reunião, além do projeto que cria a chamada Lei de Responsabilidade Fiscal do Esporte (LRFE), estão também a estrutura política do esporte, a garantia de maior segurança nos estádios e a criação de um grupo de trabalho para desenvolver o Plano Nacional de Desenvolvimento do Futebol.

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