Sabatina na CNI

Aécio promete cortar Estado pela metade e diz que PT ‘demonizou’ privatização

Durante palestra a industriais, tucano é aplaudido ao pregar agenda liberal, com promessa de corte pela metade dos cargos públicos comissionados e do número de ministérios contra 'gigantismo' estatal

Alan Marques/Folhapress

Aécio se apresentou aos presentes em evento da CNI como representante de um novo ciclo

Brasília – A exemplo de Eduardo Campos (PSB), o senador e candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves, ficou dentro do papel esperado durante sabatina promovida hoje (30) pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). No primeiro evento eleitoral que reúne em um só dia os três primeiros colocados nas pesquisas, o tucano adotou o papel de pai de uma agenda liberal no campo econômico, chegando à promessa de reduzir “pela metade” o tamanho do Estado, que, na visão dele, sofre de “gigantismo”. “O meu governo será o da meritocracia e da eficiência.”

Enquanto Eduardo Campos se apresentou como o único inovador entre Dilma, Aécio e ele, o mineiro preferiu citações mais amplas de suas propostas, sem apresentação de detalhes, sempre com críticas ao governo encabeçado pelo PT. “Sou candidato de um sentimento de mudança que hoje permeia a sociedade brasileira. Me preparei e me reuni nos últimos anos, cotidianamente, com expressivas lideranças e representantes dos mais diversos setores que querem inaugurar um novo tempo e um novo ciclo de desenvolvimento”, afirmou.

Aécio Neves destacou, em sua fala, que não considera normal um país como o Brasil viver um ciclo de desindustrialização, como, na visão dele, o observado atualmente. Denominou como pífios os resultados da economia e disse que, a seu ver, são fruto de escolhas erradas feitas pelo governo nos últimos anos. “Ao longo de 10 anos o atual governo demonizou as privatizações, as parcerias e o capital privado. E o tempo que perdemos não voltará mais. O aprendizado do PT no governo tem causado muito prejuízo para o Brasil”, acentuou.

De acordo com ele, o Brasil precisa buscar maior credibilidade, com previsibilidade da economia. “O atual governo falhou na condução da economia e na gestão do Estado. A mudança fundamental passa pela retomada do crescimento da economia e a busca pela competitividade da indústria brasileira”, salientou, ao colocar que pretende contribuir para que seja criado um novo ambiente de negócios no país, de forma a estimular a produção das empresas.

Redução de encargos

Para o presidenciável, é importante simplificar e reduzir os encargos tributários para garantir a competitividade da indústria brasileira, motivo pelo qual promete fazer essa modificação nos primeiros dias do seu governo, caso seja eleito. “Temos que caminhar na construção de um IVA (imposto sobre valor agregado) em substituição a esse conjunto de impostos que inferniza o setor produtivo do Brasil hoje”, frisou.

Neves explicou que pretende reduzir em um terço a quantidade de cargos comissionados no serviço público federal, dizendo ter adotado essa medida como governador de Minas Gerais, mas tentará buscar uma melhoria de gestão pública onde for possível. Em relação aos ministérios, outro alvo das mudanças que pretende fazer, o senador colocou que a sua proposta é reduzi-los à metade, porque “vários deles existem apenas para acomodar políticos aliados ou correntes do PT”.

Já em relação à área de relações exteriores uma das metas do seu governo, disse o presidenciável, o importante é buscar mais cooperação com os outros países para que o Brasil não fique tão atrelado aos acordos feitos no âmbito do Mercosul. Aécio Neves criticou a área de infraestrutura e os indicadores sociais, enfatizou que “o país está cheio de obras inacabadas e subpreços em toda parte” e colocou que, em indicadores como a saúde pública, o governo reduziu o percentual de investimentos aplicados no setor. “Quando o PT assumiu o governo, 54% de todos os investimentos iam para a saúde pública. Hoje este percentual de transferência para a saúde está reduzido em 45%.”

Segurança pública

O senador enfatizou, ainda, que em sua gestão pretende dar prioridade à área de segurança pública, que é de responsabilidade do governo federal, mas, a seu ver, tem sido alvo de uma transferência de tal responsabilidade para os governos estaduais. E que seu governo pretende resgatar as agências reguladoras, que atualmente, em sua avaliação, não possuem independência.

“A visão patrimonialista do governo vem fazendo um imenso mal ao Brasil e é contra isso que estamos nos levantando. Nossa proposta é ousada, mas é viável e possível se resgatarmos aquilo que está em falta no Brasil, que é a confiança, a credibilidade. Não vai me faltar coragem desde o primeiro dia de governo para que o Brasil saia desse ciclo perverso. O Brasil não merece o governo que está aí, e nós temos capacidade de construir o novo”, acrescentou.

Sobre a Petrobras, a avaliação feita pelo presidenciável é de que a estatal está oprimida por uma demanda de investimentos que não conseguirá fazer. “Temos que criar regras e condições para que haja desenvolvimento do gás no Brasil, assim como nos Estados Unidos, e recuperar o setor do etanol”, afirmou.

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