Encontro Nacional do PT

Falcão pede que Aécio mostre riso ‘frio e cruel’, e vê Campos a reboque do PT

Presidente petista cobra do pré-candidato tucano que não negue propostas impopulares quando questionado e afirma que ex-governador de Pernambuco está comprometido com figuras 'danosas do passado'

Joel Rodrigues/Folhapress

Vicentinho e Falcão: encontro busca dar apoio a Dilma e afastar os boatos do “Volta, Lula”

São Paulo – O presidente do PT, Rui Falcão, atacou hoje (2) os dois principais pré-candidatos à presidência da República, em discurso à militância do partido no 14° Encontro Nacional, em São Paulo. “Mudar não é retroceder, não é dar um passo atrás em direção ao passado, a exemplo de um dos adversários de nosso projeto, que ostenta um antigo político como seu padrinho e tutor eleitoral: sim, aquele mesmo que legou ao aís uma herança maldita”, afirmou, em referência aos constantes discursos do pré-candidato do PSDB à presidência, o senador Aécio Neves (MG), segundo o qual o país “precisa mudar”.

“Agora, como pré-candidato, [Aécio] anuncia medidas ‘impopulares’, como a flexibilização das leis trabalhistas e o fim da lei do salário mínimo que, em 11 anos, garantiu um aumento para os trabalhadores de quase 70% acima da inflação”, continuou. “Que eles, como costumam fazer, não venham depois desdizer o que disseram – nem tenham medo de manter, na campanha, suas desatinadas propostas. Que eles mostrem a cara, pela primeira vez, para que o povo veja o riso frio e cruel que dela emana.”

Falcão também não poupou o pré-candidato do PSB, o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos, a quem acusou de sempre ter andado a reboque do projeto de desenvolvimento do PT, que agora busca distorcer para favorecer os setores privilegiados da sociedade. “Se é preciso repelir o retrocesso, também é fundamental desmascarar os que prometem uma nova política, mas, comprometidos com figuras do passado, projetam-nos um futuro como um salto no escuro, de consequências danosas”, discursou. “Cuidado!  Porque  misturar  tapioca  com  açaí  às  vezes  pode  causar indigestão…”, ironizou, em referência ao mote publicitário da chapa do PSB, com o pernambucano Campos na vaga de titular e a acreana Marina Silva como vice.

“Se levada às ultimas consequências, a proposta do ex-governador nordestino de uma inflação anual de 3%, pode provocar uma elevação de até 60% na taxa de desemprego, segundo cálculos de economistas simpáticos à candidatura oposicionista.” Ontem, Campos disse que a meta de um eventual governo do PSB é chegar ao fim do mandato com a inflação em 3%.

Segundo Falcão, o Encontro Nacional do PT servirá, sobretudo, para formalizar a indicação da presidenta Dilma Rousseff como pré-candidata à presidência da República. Neste sentido, o presidente da sigla pediu ajuda dos correligionários para efetivar a proposta do Planalto de levar adiante uma consulta popular sobre a reforma política. Ele informou que a ideia é encampar o abaixo-assinado que cobra a realização de um plebiscito na Semana da Pátria, em setembro.

A outra reforma necessária, na visão de Falcão, é a dos meios de comunicação, estabelecendo regras que permitam uma maior circulação de informações e cumprindo os dispositivos previstos na Constituição no que diz respeito às concessões públicas da radiodifusão. “Tergiversar  nesta  missão  significa  continuarmos  submetidos  ao pensamento único, à manipulação, à distorção, à omissão da informação.”

Mais cedo, o ministro-chefe da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República, Ricardo Berzoini, em rápida conversa com jornalistas, negou que haja setores petistas defendendo o “Volta, Lula”, a favor de que o ex-presidente substitua a presidenta na disputa do Palácio do Planalto nas eleições deste ano. “Não existe isso, isso é especulação. Assim como se especulava em 2009 que Lula ia disputar o terceiro mandato, se especula agora com o Volta, Lula”, garantiu.

Também Falcão se empenhou em deixar claro, durante o discurso, que a opção do PT é Dilma. Ele afirmou que o trabalho central dos militantes até outubro deve ser a reeleição da presidenta, com “um outro mandato ainda melhor que o atual, com novos  avanços,  novos direitos, novas oportunidades, reformas estruturais urgentes  e imprescindíveis.”

O líder do PT na Câmara dos Deputados, Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho (SP), rebateu a afirmação de Marina Silva, provável candidata à vice-presidência pelo PSB de Eduardo Campos, que disse, no último dia 29, que Lula seria uma “bala de prata” do PT na disputa pelo Palácio do Planalto. “Concordo que Lula seria a bala de prata, porque a Dilma é a bala de ouro”, declarou o líder.

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