Reforma

‘Só uma Constituinte exclusiva pode fazer a reforma política’, diz Lula

Em entrevista a blogueiros no Instituto Lula, ex-presidente faz duras críticas ao sistema político e diz que falta à maioria dos partidos, inclusive o PMDB, projeto político nacional

O ex-presidente lula fala a blogueiros durante entrevista coletiva na sede do Instituto Lula, nesta terça-feira (8)

São Paulo – Em entrevista coletiva a blogueiros no Instituto Lula, em São Paulo, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva saiu em defesa da reforma política e criticou partidos que defendem os interesses de suas “tribos locais”, mas não se debruçam sobre o que é mais importante para o país. “Sem a reforma política todas as outras reformas que temos de fazer serão muito mais difíceis. E eu estou convencido que essa reforma o Congresso não fará. Há interesse em manter o status quo, então por que mudar? Eu sou totalmente favorável a uma Constituinte exclusiva para fazer essa reforma. Acho que não tem outro jeito”, afirmou.

Lula relembrou como, ainda em seu governo, encaminhou ao Congresso uma proposta ampla de reforma política, mas “no Congresso, tem coisas que caem nas gavetas para nunca mais”. A presidenta Dilma Rousseff também defendeu a reforma política após os protestos populares de junho de 2013, com a convocação de uma Constituinte exclusiva e validade já para as eleições de 2014, mas a proposta foi enterrada pela ação coordenada do PMDB com a oposição no Congresso.

Ao defender que, hoje, o PT é o único que tem um projeto político nacional, Lula fez duras críticas ao PMDB, utilizado como exemplo da velha cultura política brasileira. “O PMDB, que é um grande partido, é uma federação de caciques estaduais. O que prevalece lá é o interesse regional. Não tem uma linha de atuação nacional. O Michel Temer é presidente do PMDB e vice-presidente da República e tem estado onde os militantes do partido dele não vão votar na chapa em que ele está. É aceitável isso?”, indagou.

Para Lula, há necessidade de fortalecer os partidos e institucionalizar os acordos políticos em torno de plataformas de propostas. “O que precisamos é mudar o sistema de representação, dar seriedade para os partidos políticos… hoje tem isso de tempo de televisão, e você negocia tempo de televisão, surge candidato laranja… não tem lógica!”, apontou, defendendo a cláusula de barreira, para que os partidos políticos não sejam apenas “um punhado de gente”, e o fim da coligação proporcional.

O ex-presidente criticou também o excesso de pragmatismo do PT, que, por vezes, se rende à lógica atual de alianças políticas. “O único partido do país que nasceu diferente foi o PT, e, mesmo assim, começam a surgir as coisinhas locais: ‘Olha, aqui a gente pode fazer aliança com tucano, aqui o PFL [atual DEM] não é tão de direita…’, mas, aí, a gente acaba ficando igual”, lamentou.

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