Brasília – Está programada para 7 de maio a eleição do novo vice-presidente da Câmara dos Deputados. Até a véspera, o PT espera já ter definido o nome a ser indicado pelo partido para substituir André Vargas (PT-PR), que renunciou ao cargo diante das denúncias de envolvimento com o doleiro Alberto Yousef, preso na operação Lava Jato.

Vargas também apresentou na última sexta-feira seu pedido de desligamento do PT. “Sem partido, irei dedicar-me agora à minha defesa no Conselho de Ética da Câmara, confiante de que me serão asseguradas as prerrogativas do contraditório e da ampla defesa”, disse em nota.

Embora as lideranças petistas digam que o assunto só será discutido de forma efetiva a partir da próxima semana e que o objetivo é chegar a um nome de consenso a ser acordado, já se sabe que dos pré-candidatos ao cargo, os deputados Paulo Teixeira (SP) e Luiz Sérgio (RJ), Teixeira conta com o apoio isolado dos parlamentares da Casa e Luiz Sérgio seria o preferido do Palácio do Planalto.

Paulo Teixeira, tido como um deputado atuante e bem quisto entre os colegas, foi vencido na disputa interna para indicação à vice-presidência por André Vargas, em 2013. Já Luiz Sérgio é ex-secretário de Relações Institucionais, ex-ministro da Pesca e transita bem pelo Executivo. A data da eleição tinha sido marcada para o próximo dia 29, mas atendendo a um pedido do PT feita ao presidente da Casa, Henrique Alves(PMDB-RN), foi adiada para 7 de maio. O intuito do adiamento foi dar mais tempo ao partido para que se chegue a um nome que obtenha o apoio da maioria.

A pré-candidatura de Paulo Teixeira teria sido apresentada como contraponto para os parlamentares que têm restrições ao formato de entendimento mantido entre Executivo e Legislativo nos últimos anos, motivo pelo qual gostariam de um vice-presidente mais sintonizado com a Câmara.

A princípio, também foram cogitados os nomes de Marco Maia (RS), ex-presidente da Casa, e do ex-líder do PT na Câmara, José Guimarães (CE), mas suas pré-candidaturas terminaram sendo descartadas no início da semana, como forma de dar a vez a outros petistas.

“O espaço está aberto para ser negociado. Não fechamos ainda um nome e o que esperamos é que o escolhido tenha o apoio de todos do PT”, colocou José Guimarães. O atual líder da legenda na Câmara, Vicente Paulo da Silva (Vicentinho), tem a mesma opinião. Segundo Vicentinho, o assunto só deve começar a ser discutido com mais efetividade a partir da próxima segunda-feira e outros nomes poderão surgir. “Existem pré candidatos sim, mas não há nada a impedir que outros deputados queiram se colocar à disposição”, enfatizou.

Evitando divisões

Tanto Vicentinho como José Guimarães chamaram a atenção, no entanto, para que o assunto seja bastante discutido, de forma a evitar repercussões sobre divergências dentro do partido. Para o líder do PT, o importante é que se chegue a um nome bem acolhido por todos e que assim, sejam evitadas disputas tanto perante a bancada, como durante a votação no plenário. Guimarães acentuou, inclusive, que o cuidado é necessário porque “não é o momento de serem observadas novas divisões internas”.

Luiz Sérgio teve seu nome indicado ao cargo pelas alas do PT Construindo um Novo Brasil (CNB) e Movimento PT, majoritárias no partido, dentro da Câmara. Embora ele tenha evitado dar declarações a respeito, o deputado chegou a admitir para os jornalistas nos últimos dias, mesmo antes da renúncia de Vargas, que poderia vir a disputar a vaga, caso o então vice-presidente renunciasse. Sabe-se, também, que sua indicação vinha sendo discutida por essas duas alas desde o início da crise resultada pelas denúncias de envolvimento entre André Vargas e o doleiro Youseff.

Já a indicação de Teixeira, é apoiada pela minoria dentro do partido na Câmara, mas por outro lado, conta com o apoio de vários deputados que, de forma isolada, gostam do seu trabalho e mantém bom contato com ele. Teve atuação elogiada quando exerceu a liderança do partido, em 2011. Apesar de terem sido cogitados os dois nomes, Paulo Teixeira tem dito que ainda não sabe se será mesmo candidato ao cargo e prefere aguardar as próximas reuniões do PT sobre o assunto.