Afastamento

Vicentinho afirma que licença permitirá a André Vargas preparar sua defesa

Líder do PT na Câmara destaca que partido apoia o afastamento solicitado pelo vice-presidente da casa, diante de denúncias contra ele

luis macedo/câmara dos deputados

Vicentinho evitou entrar em detalhes sobre acusações ou tecer qualquer declaração de valor sobre Vargas

Brasília – O líder do PT na Câmara, deputado Vicente Paulo da Silva (PT-SP), o Vicentinho, afirmou na tarde de hoje (7) que o pedido de licença do mandato por um prazo de 60 dias protocolado hoje pelo deputado André Vargas (PT-PR), atual vice-presidente da Casa, tem o apoio do partido e esse período o ajudará a preparar sua defesa e fazer os esclarecimentos necessários sobre o caso. O deputado tem sido alvo de denúncias de envolvimento com o doleiro Alberto Youssef, preso pela Polícia Federal na Operação Lava Jato, que apura esquema de lavagem de dinheiro.

O líder, no entanto, evitou entrar em detalhes sobre as acusações ou tecer qualquer declaração de valor sobre o parlamentar. Vicentinho também refutou comparações entre as denúncias feitas nos últimos dias contra o vice-presidente da Câmara e a situação observada em 2012, no Senado, de envolvimento do então senador Demóstenes Torres (DEM-GO), flagrado em esquemas de trocas de favores com operações de lavagem de dinheiro com o bicheiro Carlos Augusto Ramos (o Carlinhos Cachoeira) – também durante operação da Polícia Federal.

Ao ser perguntado por jornalistas sobre o caso de Demóstenes Torres, que terminou cassado, o líder do PT disse que “não há como comparar uma situação com outra”.

André Vargas, por sua vez, divulgou nota afirmando que com a licença pretende preservar a Câmara dos Deputados, diante do que qualificou como “massacre midiático” que estaria sofrendo e enfatizou ser “fruto de vazamento ilegal de informações”. O deputado acentuou na nota, ainda, que não é alvo de nenhuma investigação e não foi comunicado oficialmente sobre os temas tratados pela imprensa. Sua licença, segundo ele, não interrompe prazos nem suspende quaisquer procedimentos que possam ser instaurados pela Câmara.

Viagem

André Vargas, segundo denúncias feitas nos últimos dias, teria usado um avião contratado pelo doleiro Alberto Youssef – preso desde o dia 17 pela operação da PF – com quem diz ter uma amizade de mais de 20 anos, para uma viagem de Londrina (PR) a João Pessoa (PB). O empréstimo da aeronave teria sido discutido entre o parlamentar e o empresário por mensagem de texto, no início de janeiro.

Vargas negou, em nota, que o uso da aeronave signifique envolvimento com negócios do doleiro. Ele justificou a licença com o argumento de que vai tratar de problemas particulares. A Polícia Federal apura denúncias de que André Vargas teria auxiliado Alberto Youssef em negociações do laboratório Labogen, do qual é sócio, com o Ministério da Saúde.

Durante o período de afastamento do deputado, a mesa diretora passará a contar com a presença do primeiro suplente, deputado Gonzaga Patriota (PSB-PE).

Hoje, o líder do Psol na Câmara, Ivan Valente (SP), apresentou novo pedido para apuração de denúncias, por parte da casa, envolvendo André Vargas. O primeiro pedido já tinha sido feito à Corregedoria da Câmara. Caso uma das duas solicitações seja aceita, o caso poderá ser levado ao Conselho de Ética e Decoro Parlamentar. Até agora, o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), ainda não se manifestou sobre a solicitação.

Com informações da Agência Câmara