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Instalação de CPI da Petrobras ainda depende de decisão do STF

Embora apreciação de requerimentos esteja programada para ocorrer em sessão conjunta do Congresso, na próxima semana, parlamentares também aguardam julgamento sobre a questão pelo STF

Pedro França/Agência Senado

O mandado interposto partiu de uma articulação feita nos últimos dias pela senadora Gleisi Hoffmann

Brasília – Mesmo com a decisão da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado de dar à Comissão Parlamentar de Inquérito que vai investigar a Petrobras caráter amplo para estender investigações de outros temas, a instalação da CPI ainda não está definida. Na noite de ontem (9), a senadora Ana Rita (PT-ES) protocolou, em nome do PT, um mandado de segurança no Supremo Tribunal Federal (STF) pedindo para que não seja autorizada a criação da comissão. Como a oposição também aguarda o resultado do mandado interposto ao STF, só a decisão da corte vai garantir se haverá tais investigações.

No mandado de segurança, a senadora repete ao STF o questionamento apresentado pela senadora Gleisi Hoffmann em questão de ordem de sua autoria que foi apreciada pela CCJ: de que não existe fato determinado para que a CPI possa vir a ser instalada, porque o requerimento que pede sua criação cita quatro temas desconexos sobre a estatal. Como o presidente do tribunal, ministro Joaquim Barbosa, designou a ministra Rosa Weber para a relatoria do mandado de segurança, o mais provável – como costuma acontecer em casos semelhantes no Judiciário – é a mesma ministra receber também o novo mandado.

Na prática, o mandado interposto pela senadora Ana Rita partiu de uma articulação feita nos últimos dias pela senadora Gleisi Hoffmann, depois da leitura do relatório de Jucá rejeitando a questão de ordem apresentada por ela. O relator também rejeitou, ao mesmo tempo, a questão de ordem apresentada pelo senador Aloysio Nunes (PSDB-SP) questionando a extensão das investigações da CPI para outros temas e disse que precedentes do STF têm mostrado a possibilidade da investigação mais ampla.

Caso a decisão seja favorável ao pedido da senadora, terá força de liminar e impedirá a realização da CPI até a apreciação do mérito da matéria no plenário do STF – o que, se não colocar uma pedra na instalação da comissão, adiará os trabalhos em no mínimo, umas duas semanas, apostam técnicos judiciários do tribunal.

No texto do mandado de segurança, a senadora destaca que a intenção dos autores do pedido de CPI é promover uma investigação generalizada da atuação da Petrobras, por meio de apuração de fatos indeterminados, referências genéricas e pulverizadas que, a seu ver, não fazem muito sentido. “Não se pode criar CPI para apurar se houve fato ou fatos. Deve-se criá-la a partir de fatos existentes, precisos, que permitam promover as investigações devidas.”

Quatro pedidos

As confusões sobre prazos e leitura de requerimentos têm sido grande no Congresso porque existem quatro pedidos para instalação de CPIs para investigar a Petrobras. O que foi analisado pela CCJ diz respeito apenas ao primeiro deles, que é referente a uma CPI apenas no âmbito do Senado.

Está marcada para esta quinta-feira (10), no plenário do Senado, a leitura de outros dois requerimentos: o primeiro pede a criação de uma CPI mista –  apresentado pela oposição. O segundo, de autoria de parlamentares da base do governo, pede a ampliação da CPI para investigar outros temas, como as denúncias envolvendo o metrô de São Paulo e as obras no Porto de Suape, em Pernambuco, para criação da refinaria de Abreu e Lima.

Além desses três pedidos, também foi criada uma comissão especial de deputados da Câmara com o intuito de investigar nos Estados Unidos as operações da Petrobras referentes à refinaria de Pasadena. O mais provável é que a leitura dos requerimentos previstos para hoje seja adiada para a próxima terça-feira também para que o tema seja apreciado em uma única vez.