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Paulo Teixeira critica bate-boca público entre PMDB e PT

Para deputado petista, responsabilidade das legendas no governo 'não comporta esse tipo de rusga', aberta pelo Twitter pelo líder do PMDB na Câmara, e é preciso resolver rapidamente reforma ministerial

Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados

‘Tem que resolver o problema da participação do PMDB da Câmara no Ministério’, diz Teixeira

São Paulo – A quarta-feira de Cinzas trouxe um ambiente ainda mais pesado para as já azedas relações entre os dois mais importantes partidos da base aliada da presidente Dilma Rousseff, com direito a bate-boca entre o presidente do PT, deputado estadual Rui Falcão (SP), e o líder do PMDB na Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (RJ). “O grau de responsabilidade de governar o Brasil, que o PT e PMDB têm, não comporta esse tipo de rusga pública. Nós não devíamos estar batendo boca de maneira pública”, diz o deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP), colocando panos quentes na situação.

Entre ontem e hoje, Cunha alfinetou o PT e particularmente o presidente da sigla que há dez anos comanda o Palácio do Planalto. Falcão teria afirmado, durante o Carnaval, que o PMDB da ala de Cunha estaria descontente por não ter conseguido um ministério na reforma em andamento, promovida por Dilma Rousseff.

Como resposta, o líder da bancada peemedebista na Câmara, em tom de ameaça, colocou em dúvida a aliança entre os dois partidos em sua conta no Twitter. “A cada dia que passo me convenço mais que temos de repensar esta aliança, porque não somos respeitados pelo PT”, escreveu. “Se for verdade que o presidente do PT atribui à ala comandada por mim o desejo de mais cargos, ele está equivocado ou de má-fé. Não me compare com o que o partido dele fazia no RJ, doido atrás de boquinhas. Aliás, por onde passa o Rui Falcão, mais difícil fica a aliança.”

Paulo Teixeira reconhece que o clima não é bom. “Tem um ambiente ruim, mas tem de ser contornado. Tem que conversar. Essa não é uma crise que deve ser aprofundada, a gente tem de sair dela.”

Embora seja um fato conhecido, o deputado do PMDB nega ser criador ou líder do chamado “blocão”, formado pelo próprio PMDB e Pros, PP, PR, PTB, PDT e PSC, partidos descontentes com a presidenta. “Não lidero bloco algum e nem ninguém pediu para liberar qualquer emenda parlamentar para votar qualquer coisa”, garantiu Eduardo Cunha.

Um dos motivos da insatisfação do PMDB seriam as hesitações de Dilma na reforma ministerial e sua indicação do senador Vital do Rêgo (PB) ao Ministério do Turismo, atualmente sob o comando do peemedebista Gastão Vieira. Vital e seu partido contavam com a Integração Nacional, mas a pasta deve ficar com o Pros do governador do Ceará, Cid Gomes, e de seu irmão Ciro, secretário de Saúde cearense. O atual ministro interino, Francisco Teixeira, é indicação de Cid.

Por outro lado, Eduardo Cunha manifesta o inconformismo de sua bancada com a falta de atenção de Dilma em relação ao PMDB da Câmara, preterido em favor de nomes do Senado. “Tem que resolver o problema da participação do PMDB da Câmara no ministério. O conjunto de questões do PMDB tem de ter um tratamento”, avalia Paulo Teixeira. O deputado não vê muito futuro ao chamado “blocão” após a nova conformação da Esplanada dos Ministérios. “A tendência desse blocão é não prosperar. A tendência é ele diminuir na medida em que se conclua a reforma ministerial”, prevê. “A reforma tem que ser concluída até o final de março, mas espero que se antecipem os movimentos para ser concluída logo.”

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