Eleições 2014

Aliança com PMDB e Barbalho pelo governo do Pará causa protesto entre petistas

Deputado federal Claudio Puty, vice-líder do governo no Congresso, lança candidatura a governador para impedir apoio a Helder Barbalho ainda no primeiro turno

Gustavo Lima/Câmara

Puty considera viável a candidatura do PT no estado e afirma ser ruim a parceria com os peemedebistas

São Paulo – Militantes ligados à Direção Socialista, corrente interna do PT, vão lançar na próxima quinta-feira (13), em Belém (PA), a candidatura do deputado federal Cláudio Puty ao governo do estado. O ato, porém, não será celebratório, mas um protesto contra a aliança no primeiro turno com o PMDB, que deve apresentar Helder Barbalho, filho do senador Jader Barbalho, como candidato. A aliança com o PMDB foi articulada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como forma de fortalecer os palanques regionais da presidenta Dilma Rousseff para as eleições presidenciais, mas, na opinião de Puty, pode ter efeito contrário.

“Desde que anunciamos que somos contra a aliança já no primeiro turno, recebemos uma demonstração de apoio muito grande de militantes e simpatizantes do PT”, conta Puty, que é vice-líder do governo no Congresso. “Você corre o risco de perder aqui os eleitores ideológicos, intelectuais, militantes, que não são poucos. Além disso, o palanque único favorece a candidatura do PSDB, que conta com a máquina para a reeleição”, resume o deputado, para quem o argumento de que uma candidatura petista no Pará não seria competitiva é inválido. “Se fosse assim, o Haddad não teria sido candidato em São Paulo. Neste mesmo período da eleição municipal, ele tinha 2%, 3% das intenções de voto. Nas últimas pesquisas, a Ana Júlia aparece com 19%, e ela sequer está em pré-campanha.”

O PT do Pará vem de uma relação traumática com o PMDB. O partido foi fundado no estado como oposição ao primeiro governo de Jader Barbalho (1983-1987), mas aproximou-se do PMDB por conta da negociação da aliança federal com o governo Lula. Nas eleições de 2006, Barbalho e sua legenda apoiaram a campanha a governadora de Ana Júlia (PT), que foi vitoriosa naquela ocasião; em 2010, no entanto, a 12 dias da reeleição, o PMDB deixou a campanha petista, trocou de lado e passou a apoiar a candidatura do atual governador, Simão Jatene (PSDB), gestão que integrou até julho do ano passado.

Hoje, volta a se aproximar do PT, mas, dessa vez, quer encabeçar a chapa. “Não tenho nada contra as alianças e acho que a aliança com o PMDB é importante a nível nacional. Mas, para a realidade política e eleitoral do Pará, não vejo sentido. Ganhamos mais se sairmos em duas candidaturas distintas e, forçando o segundo turno, aí sim negociar o melhor caminho para impedir a continuidade do governo do PSDB, que tem sido desastroso”, pondera Puty, que diz esperar compreensão por parte de Dilma e da direção nacional do PT. “Não acho que deva incomodar. O debate político é importante nos processos eleitorais, como foi para as eleições de Lula e Dilma.”

O Pará reedita o atrito que houve entre diretório estadual e direção nacional do PT no Maranhão, em 2010. Naquela ocasião, a direção local havia aprovado apoio à candidatura de Flávio Dino (PCdoB) ao governo do estado, mas a direção nacional do PT insistiu no apoio à candidatura de Roseana Sarney (PMDB), considerada mais importante para a eleição e a governabilidade de Dilma nos quatro anos seguintes. Em 2013, o deputado federal maranhense Domingos Dutra, que chegou a fazer greve de fome contra a aliança com a família Sarney em 2010, deixou o PT para filiar-se ao Solidariedade em protestos à continuidade da aliança.