no Secovi

Em palestra a empresários, Geraldo Alckmin afirma que ‘a política faliu’

Governador de São Paulo diz que país vive 'auge do corporativismo e um sindicalismo exacerbado'. Ao falar sobre falta d'água, atribui problema a mudanças climáticas e nega falta de investimentos

Secovi

Alckmin discorda da ideia de que tenha faltado investimento para resolver a questão da água

São Paulo – O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), disse hoje que “a política faliu”. Segundo ele, o Brasil está “mais pessimista do que a realidade” e, entre os desafios que tem para os próximos anos, o principal é a reforma política. “Reformas constitucionais têm que ser feitas no primeiro ano de mandato, quando os eleitos estão machucados pela campanha, mas têm o respaldo de 80 milhões de pessoas.”

Para o governador, as manifestações de rua mostram a falência da política. Em discurso hoje (21) a empresários e políticos no Sindicato da Habitação de São Paulo (Secovi), ele declarou que “o Brasil vive o auge do corporativismo e um sindicalismo exacerbado”. Ele mencionou os dizeres da bandeira brasileira e disse ainda que é mal compreendido quanto ao primeiro termo da expressão “Ordem e progresso”. “Sou acusado porque mando desinvadir (sic) terreno. Quando cumpro ordem judicial, de um mandado da Justiça, sou acusado de não ter sensibilidade social”, reclamou.

Entre outras, o governador é famoso pelo cumprimento do mandado de reintegração de posse no bairro conhecido como Pinheirinho, em São José dos Campos, em 2011, operação que se tornou conhecida pela violência da Polícia Militar, subordinada ao governo estadual.

Segundo Alckmin, uma reforma política precisa introduzir normas sobre a criação de partidos. “Temos 32 partidos, e vai ter mais. Tem que ter cláusula de barreira, fidelidade partidária.” Segundo ele, “hoje quem se elege é quem está na mídia”. O governador não respondeu se será de fato candidato à reeleição pelo PSDB. “A convenção [partidária] é só em junho”, despistou.

Abastecimento de água

Sobre os problemas de abastecimento de água decorrentes da falta de chuvas, Alckmin disse que o clima é o grande responsável pelo fato de o sistema Cantareira estar com sua capacidade em apenas 14,5%, o menor da história. “As mudanças climáticas estão causando muitas irregularidades das chuvas. Tem calamidade pública no Norte do Brasil, chuva nunca vista, e aqui não chove.”

Ele negou que o governo tenha deixado de investir no passado para se prevenir de problemas derivados de falta de chuva. A RBA revelou recentemente que havia estudos de vinte anos atrás em mãos do governo estadual mostrando o risco de esgotamento do sistema Cantareira. E há dez anos, já governador, Alckmin foi alertado sobre esta possibilidade, que agora se concretiza. “Tanto foi investido que estamos com a maior seca dos últimos 84 anos, tem ‘n’ municípios com racionamento, mas nenhum município da Sabesp tem racionamento.”

Em artigo publicado hoje no portal UOL, o pré-candidato do PT ao governo do estado, o ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha, criticou a falta de planejamento do governo estadual. “Geraldo Alckmin não se planejou e deixou de realizar os investimentos necessários para que a companhia estadual de água, a Sabesp, montasse um sistema seguro de distribuição para a Região Metropolitana de São Paulo, que fosse à prova de estiagem, como determinavam os estudos técnicos”, escreveu.  Segundo Padilha, moradores de Americana, Campinas, Cosmópolis, Itu, Santo Antônio de Posse, São Pedro, Sumaré, Valinhos e Vinhedo “já recebem da Sabesp menos de dois terços do volume normal de água”.

De acordo com o governador, há projetos em andamento, como a parceria público privada (PPP) do Sistema São Lourenço. A PPP foi assinada em agosto do ano passado.
Alckmin também voltou a defender a integração do sistema Cantareira à bacia do rio Paraíba do Sul, sem  prejudicar o abastecimento no Rio de Janeiro. Segundo ele, o rio tem vazão suficiente para que o estado vizinho não seja prejudicado. A proposta foi apresentada por ele esta semana a Dilma Rousseff, e imediatamente criticada pelo governador fluminense, Sérgio Cabral, que não vê chance de realizar a transposição.

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