Senado para quê?

País precisa de reforma política para evitar crise de representação, diz Stédile

Várias entidades, entre as quais o MST, preparam plebiscito por uma Constituinte exclusiva

Gustavo Lima/Câmara

Líder do MST acredita que, independente de quem esteja no governo, haverá crise de representação

São Paulo – A reforma política não sairá com o atual Congresso, mesmo com a reeleição de Dilma Rousseff, avalia João Pedro Stédile, da coordenação nacional do MST, uma das aproximadamente 100 entidades que organizam para setembro um plebiscito por uma assembleia constituinte exclusiva. “Independentemente de quem for eleito (em outubro), este país vai entrar numa grave crise política de representação”, acredita o dirigente.

Entre os temas que deveriam ser discutidos por essa constituinte, que funcionaria de forma paralela ao Congresso, Stédile cita o financiamento de campanhas, a existência ou não do Senado (Casa que ele considera desnecessária) e novos parâmetros para o Judiciário, poder que ele acredita atualmente ter “poder monárquico” – ele se referiu ao presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, como “imperador”. “O Poder Judiciário no Brasil não é republicano, a sociedade não controla.”

O coordenador do MST defende o fim do financiamento privado. “Acho que nem os Estados Unidos chegam a tanto. Aqui, o eleito torna-se imediatamente refém de seu financiador.”

Papa

Stédile lembrou do encontro que teve em dezembro, ao lado de outros movimentos sociais, com a papa Francisco, no Vaticano. “É senso comum que nos últimos 30 anos a Igreja Católica foi dominada por uma visão conservadora. A eleição do papa Francisco, por ser latino-americano, já foi por si só uma vitória dos pobres católicos, por romper com a cúpula europeia. O fato de o papa, por meio da Pontifícia Academia de Ciências, ter convocado um seminário para discutir a causa dos excluídos já é uma demonstração da vontade de mudanças. Nos sentimos muito orgulhosos. Pela primeira vez, fomos chamados para falar o que achamos da situação do mundo. O aumento da pobreza só tem um culpado: o capital financeiro e as grandes corporações.”

Entre outros participantes, estavam o ex-presidente da Itália Romano Prodi e o economista norte-americano Jeffrey Sachs.

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