Mobilidade

Decisão sobre táxis nos corredores de ônibus fica para 28 de fevereiro

Promotoria de Urbanismo do Ministério Público estendeu prazo inicial, que terminou ontem, para que taxistas possam apresentar estudo em defesa de sua permanência nos corredores

© viatroleibus/reprodução

Utilização de faixas de ônibus por táxis ainda segue sem definição em São Paulo, à espera de estudos de impacto

São Paulo – O promotor Maurício Ribeiro Lopes concedeu um mês adicional à prefeitura de São Paulo para que ela responda ao pedido do Ministério Público pela retirada dos táxis dos corredores exclusivos de ônibus. O prazo inicial para uma definição venceu nesta segunda-feira (3), mas a promotoria de Urbanismo acatou um pedido das associações e sindicatos de taxistas, que pretendem produzir e apresentar um estudo encomendado por elas sobre o impacto dos táxis no deslocamento do transporte coletivo. Lopes promete que, caso a prefeitura não retire os táxis dos corredores, moverá ação para anular a portaria que os autorizou a circular no espaço destinado aos ônibus quando carregam passageiros.

“Dei a eles o prazo para que apresentassem o estudo. Eles estão agora no processo de contratação de uma entidade idônea, sem ligação com as associações, para apresentar um estudo sobre o assunto até o fim do mês. De minha parte, sigo convencido de que os táxis atrapalham a circulação dos ônibus”, afirmou, em entrevista à RBA. Mais prazo para que os taxistas apresentem estudo próprio sobre o assunto havia sido discutido em audiência pública realizada em janeiro para representantes das empresas e dos trabalhadores com a participação do Ministério Público e do secretário municipal de Transportes, Jilmar Tatto.

Na ocasião, a prefeitura apresentou o estudo que embasa a ação do MP, produzido pela CET e pela SPTrans apoiado em um modelo virtual que calcula a velocidade de deslocamento dos ônibus nos corredores com e sem os táxis no sistema. A pesquisa aponta que os ônibus trafegariam em média 20% mais rápido sem a presença dos táxis nos corredores. No caso do corredor na avenida Rebouças, por exemplo, no sentido bairro-centro, a velocidade média salta dos atuais 33km/h para 42km/h, um ganho de 25,37%. Na avenida 9 de Julho, sentido centro-bairro, a velocidade média subiria de 13km/h para 17km/h, um ganho de 35%.

Procurada, a secretaria de Transportes confirmou que ainda não concluiu resposta ao pedido do MP, e que irá aguardar comunicação do promotor sobre o acordo feito com os taxistas.

Táxis substituirão vans do ‘Atende’

Na última sexta-feira (31), véspera do prazo inicial do Ministério Público para retirar os táxis dos corredores, o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), publicou decreto em que reforma o programa Atende, que oferece vans gratuitas para o transporte de pessoas que sofrem com problemas sérios de mobilidade. O novo texto, que tem 180 dias para ser regulamentado, inclui táxis adaptados como veículos incluídos no programa.

Segundo a SPTrans, a ideia é que em breve os táxis sejam os responsáveis pela maioria dos deslocamentos “eventuais” realizados pelo Atende, aqueles que não são marcados antecipadamente. O programa oferece ainda deslocamentos “rotineiros”, aqueles com datas e trajetos pré-definidos, de acordo com a rotina do beneficiário, e o “atendimento a eventos”, destinado a levar pessoas com mobilidade reduzida a eventos sociais e culturais. A SPTrans afirma que espera aumentar a disponibilidade de vans para os transportes rotineiros com a introdução dos táxis como reforço.

A forma como os táxis acessíveis serão selecionados, o modelo de pagamento da prefeitura pelo serviço e a liberação ou não desses carros para circular nos corredores será definido na regulamentação do projeto. Segundo a SPTrans, haverá audiência pública sobre o assunto, além de debates no Conselho Municipal da Pessoa com Deficiência.