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Alckmin silencia sobre pane elétrica no Metrô; é segunda paralisação de linhas em dez dias

Governador fugiu de jornalistas um dia após rede elétrica ter caído na Linha 5-Lilás, às 18h37, inviabilizando operação pelo resto do dia. No episódio anterior, acusou 'sabotagem'. Reparo leva dois dias

Juliana Knobel/Frame/Folhapress

“Hoje é dia da justiça”, afirmou governador ao sair de cerimônia no TRE, no centro da capital

São Paulo – O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, silenciou hoje (14) sobre a mais recente paralisação de linha do Metrô. Às 18h37 de ontem (13), cabos da alimentação elétrica dos trens se romperam numa das vias da Linha 5-Lilás. Pouco depois, usuários desceram aos trilhos, impedindo a continuidade da operação pelo resto do dia. A situação foi parcialmente normalizada nesta manhã. Segundo funcionários da manutenção ouvidos pela RBA, o reparo deve durar dois dias.

Ao prestigiar a posse do novo presidente do Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo, no centro da capital, Alckmin fugiu dos jornalistas que o aguardavam após a cerimônia para questioná-lo sobre a mais nova falha no sistema metroviário. Após insistência dos repórteres, enquanto esperava a chegada do elevador privativo, o governador continuou se negando a conceder entrevista. E disse, apenas: “Hoje é dia da justiça”, em referência à solenidade que acabara de assistir. “Mas é de justiça que se trata, governador”, ouviu, antes de sorrir e partir direto para a garagem do edifício.

O incidente de ontem na Linha 5-Lilás, que liga as estações Capão Redondo e Adolfo Pinheiro, inaugurada anteontem (12) pelo governador, fez com que o Metrô paralisasse parcialmente suas operações pela segunda vez em dez dias. No último dia 4 de fevereiro, uma falha de portas na composição conhecida como K07, na Linha 3-Vermelha, desencadeou uma sucessão de problemas de tração e ar-condicionado em outros trens.

Somados, os defeitos acabaram irritando os passageiros, que, devido ao calor e à superlotação, abandonaram os vagões pelas saídas de emergência. Mais tarde, usuários e funcionários acionariam um botão chamado SPAP, sigla para Sistema de Prevenção de Acidentes na Plataforma, o que provocou a desenergização dos trilhos. Alguns passageiros seguiram viagem caminhando pela via. O sistema ficou paralisado por cinco horas.

No dia seguinte, Geraldo Alckmin veio a público para dizer que o problema fora provocado pela ação de vândalos. E, antes de qualquer investigação preliminar, sugeriu que grupos haviam se orquestrado para sabotar o Metrô. As declarações foram repetidas pelos secretários de Transportes Metropolitanos, Jurandir Fernandes, e de Segurança Pública, Fernando Grella Vieira.

O governo estadual ainda afirmou que o SPAP é um botão secreto que apenas pode ser acionado por funcionários. No entanto, qualquer usuário sabe sua localização: são equipamentos visíveis nas plataformas, e alguns trazem a inscrição “emergência”. O Sindicato dos Metroviários de São Paulo repudia as insinuações do governo e afirma que colocar a culpa nos usuários é só uma estratégia para se eximir da responsabilidade sobre o estado “alarmante” em que se encontra o Metrô, com falhas cada vez mais constantes e, recentemente, também alvo de denúncias de corrupção.

Ainda assim, a polícia abriu uma investigação para identificar os autores do “vandalismo” na Linha 3 Vermelha. De acordo com o jornal O Estado de S. Paulo, a Polícia Civil informou hoje (14) que já apura o envolvimento de seis suspeitos, cujos rostos foram revelados por fotografias publicadas na imprensa e câmeras de segurança das estações. Uma pessoa de 38 anos já foi ouvida pelos policiais após ter sido reconhecida por um segurança do Metrô.

“A polícia identificou duas pessoas, uma delas teve o reconhecimento 100% positivo pelo pessoal da guarda do Metrô, em que reconhecem a pessoa insuflando as pessoas a entrar na via e agredir o pessoal da guarda”, disse o delegado Osvaldo Nico Gonçalves, do Departamento de Capturas e Delegacias Especializadas (Decade).

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