Reforma ministerial

Novo ministro da Saúde visitará Cuba com Dilma antes de ser anunciado

Despedida de Arthur Chioro em São Bernardo será na primeira semana de fevereiro, após acompanhar presidenta em agradecimento a cubanos pelo Mais Médicos. Secretário nega irregularidades em consultoria

Leonardo Soares/Folhapress

“Tenho juízo”, afirmou Chioro, ao explicar por que não anuncia oficialmente que é o novo ministro

São Bernardo do Campo (SP) – O secretário de Saúde de São Bernardo (região do ABC paulista), Arthur Chioro (PT), deve oficializar seu desligamento da prefeitura em fevereiro, logo após acompanhar a comitiva da presidenta Dilma Rousseff a Cuba, em companhia do atual ministro e pré-candidato petista ao governo de São Paulo, Alexandre Padilha. Em entrevista coletiva na manhã de hoje (23), Chioro anunciou a transferências das ações que detinha da empresa de consultoria técnica Consaúde, exigência legal para poder assumir o ministério, mas se recusou a falar sobre o convite recebido para integrar o primeiro escalão do governo federal.

“É público e notório que tive uma reunião com a presidenta. Mas falar sobre assuntos tratados com a presidenta da República compete apenas à presidenta”, resumiu. “Eu tenho juízo.” Em Cuba, Dilma irá agradecer ao país pelos profissionais dedicados ao programa Mais Médicos e discutirá a ampliação da parceria. Esta semana, Padilha informou que vai firmar convênios para a transferência de tecnologia cubana na fabricação de vacinas e medicamentos.

Na volta, Chioro, que cumpre o terceiro mandato como presidente do Conselho das Secretarias de Saúde do Estado de São Paulo, deve despedir-se dos funcionários da secretaria e anunciar a saída do governo municipal em 3 de fevereiro.

Sempre negando-se a falar na condição de possível ministro, Chioro elogiou o Mais Médicos. “Como presidente do Cosems, sei como o programa foi determinante para melhorar a qualidade da atenção básica. Sempre enfrentamos desafios para montar as equipes de Saúde da Família, por exemplo, porque os nossos médicos, de forma geral, não são preparados para esse atendimento. Sua expansão é essencial”, afirmou. Questionado sobre a polêmica com as entidades médicas, disse apenas que “faz parte”.

Na coletiva, Chioro anunciou seu desligamento formal da Consaúde e respondeu às acusações de que haveria favorecimento à empresa em administrações do PT por conta de seu cargo de secretário em São Bernardo, cidade governada pelo também petista Luiz Marinho. O Ministério Público, acionado pelo deputado estadual e candidato derrotado a prefeito de São Bernardo Orlando Morando (PSDB), abriu inquérito preliminar para decidir se fará investigação formal do caso.

Segundo Chioro, ele está afastado das atividades de consultoria desde janeiro de 2009 e, nesse período, a empresa teve apenas quatro contratos vencidos em licitação, em cidades governadas por partidos de coligações diversas. O expediente de desligar-se das atividades da empresa durante o exercício de cargos públicos foi recorrente nas diversas posições que ocupou, garantiu, acrescentando que no momento a empresa não presta serviços a nenhum cliente.

Arthur Chioro é médico concursado da prefeitura de Santos, no litoral paulista, onde integrou a equipe do então secretário de saúde e futuro prefeito David Capistrano. Entre 1993 e 1996, foi secretário de saúde de São Vicente. Em 2003, foi convidado para chefiar o Departamento de Atenção Especializada do Ministério da Saúde, cargo que ocupou até 2005, quando desligou-se do governo para dedicar-se ao doutorado. A partir de janeiro de 2009, assumiu a secretaria de saúde de São Bernardo. É ainda professor universitário e autor de literatura espírita.

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