Corrupção no metrô

MP oferece fim de investigação sobre a Alstom por R$ 80 milhões

Pagamento de multa retiraria a empresa da investigação sobre pagamento de propina a políticos do PSDB; apuração sobre envolvimento de servidores continuaria

arquivo rba

São Paulo – O Ministério Público de São Paulo sugeriu acordo à multinacional francesa Alstom, investigada desde 2008 por fraude em licitações e pagamento de propina a servidores do Metrô e da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), para retirar a empresa das investigações em troca de pagamento de multa de R$ 80 milhões. A empresa, que alega inocência, negou a oferta. Caso tivesse aceito, a investigação sobre os agentes públicos envolvidos no caso seguiria normalmente. As informações foram publicadas hoje (10) pela Folha de S.Paulo.

Pela Lei Anticorrupção, que passa a valer no próximo dia 29 e pode incidir sobre as empresas condenadas pela corrupção do Metrô, a Alstom poderia ser condenada a pagar multa de até 20% do faturamento, o equivalente a R$ 500 milhões. O MP afirma ter provas do envolvimento da Alstom em esquema de desvio de dinheiro para conta na Suíça.

A RBA entrou em contato com o Ministério Público para confirmar as informações publicadas pelo jornal e checar qual contrapartida o promotor Silvio Marques, responsável pelo caso, solicitou para encerrar as investigações contra a empresa além do pagamento de multa, mas não obteve resposta. A promotoria informou que deve emitir nota oficial sobre o assunto ainda hoje.

Caso Alstom

A propina teria sido paga pela Alstom para obter negócios nas áreas de energia e transporte. O alvo inicial da apuração é um contrato de R$ 122 milhões, assinado durante o governo de Mario Covas (PSDB), em 1998, para a construção de subestações de energia. Depois, a investigação foi ampliada para a venda de trens para o Metrô e a CPTM.

O Ministério Público afirma ter documentos que comprovam que recursos oriundos da Alstom francesa foram remetidos para uma conta secreta na Suíça, que abasteceu uma empresa de fachada chamada MCA, controlada por Romeu Pinto Jr. A MCA é acusada de fazer pagamentos a Robson Marinho, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado e secretário da Casa Civil durante o governo Covas.

A Polícia Federal descobriu ainda que a Alstom repassou R$ 45,7 milhões a Romeu Pinto Jr. desde o final dos anos 1990. Pinto Jr. confessou que não prestou serviço algum à Alstom e afirmou que não sabia o destino final do dinheiro recebido da empresa.

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