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‘Tsunami de manipulação e mentiras não ficará sem resposta’, diz Falcão

Na abertura do Congresso Nacional do PT, dirigente afirma que partido precisa de uma 'renovação cultural' para ampliar diálogo com a sociedade

fábio rodrigues pozzebom/abr

Congresso do PT fez homenagem especial a Luiz Gushiken e Marcelo Déda

Brasília – Diante de um painel gigante com imagens do ex-ministro Luiz Gushiken e do ex-governador de Sergipe Marcelo Déda, petistas históricos que morreram neste ano vítimas de câncer, o presidente do PT, deputado Rui Falcão, fez ontem à noite (12), na abertura do 5º Congresso Nacional do partido, em Brasília, um contundente discurso contra as “manipulações” e as “mentiras” envolvendo a Ação Penal 470, conhecida por processo do mensalão. Entre os que foram envolvidos nesse processo estava o próprio Gushiken.

“No tsunami de manipulação que foi o processo dessa ação penal houve o típico caso da manipulação alimentando a mentira e a mentira realimentando a manipulação. A história vai provar que nossos companheiros foram condenados sem provas. Repito aqui o que já dissemos nas resoluções do nosso diretório sem titubear: nenhum companheiro condenado comprou votos do Congresso Nacional, nem usou dinheiro público, nem enriqueceu pessoalmente”, disse Falcão ao lado da presidenta Dilma Rousseff, do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de 600 delegados petistas, além de ministros, prefeitos, governadores, deputados, senadores e dirigentes do partido.

Falcão lembrou da parcialidade e da seletividade da mídia contra o PT, em relação a casos de corrupção envolvendo lideranças e partidos de direita no Brasil.

“Surpreendentemente, o suposto sentimento de punição e justiça continua sem alcançar determinados setores e partidos, o que caracteriza uma ilegal situação de dois pesos e duas medidas. Por que o silêncio de mais de uma década no martelo dos juízes do famoso mensalão do PSDB mineiro? Por que o tratamento diferenciado de certos setores da grande imprensa em relação ao trensalão do governo tucano de São Paulo? Por que a tentativa insidiosa de tentar reverter o escândalo da máfia do ISS denunciada pela prefeitura paulistana?”, questionou.

O dirigente petista afirmou que o PT não pretende transformar as eleições de 2014 numa guerra de escândalos, mas garantiu que os ataques não ficaram sem resposta. “Se enganam os que pensam que vamos levar injustiça e desaforos para casa”.

Reeleição

O congresso também foi marcado por discursos que pregaram o fortalecimento dos diretórios, maior integração dos dirigentes com os estados e municípios e, sobretudo, o fortalecimento de alianças para o projeto de reeleição de Dilma Rousseff em 2014

O foco principal foi a necessidade do país avançar mais nos próximos anos, como forma de dar continuidade ás mudanças iniciadas em 2003, com o primeiro governo Lula.

Falcão destacou que o momento é de acenar para reformas mais profundas, sendo a mais importante delas a política, para acabar com a influência do poder econômico nas eleições. Ele voltou a defender a realização de um plebiscito sobre o tema e a democratização dos meios de comunicação.

“Precisamos aprimorar e avançar no setor de comunicação. A sofisticação da tecnologia e o poder de comunicação, por meio da internet, levaram ao empoderamento do cidadão e constitui uma necessidade inadiável promover a democratização com a regulamentação do artigo da Constituição que assegura a liberdade de expressão e proíbe a formação de monopólios e oligopólios nas empresas de comunicação”, afirmou.

Renovação cultural

Ele enfatizou também a necessidade de o PT ampliar o diálogo com a sociedade e de passar por uma “renovação cultural”, criando uma “nova agenda” com os jovens e as pessoas sem partido.

“Assumo aqui o compromisso de promover mudanças no partido com a ampliação da formação partidária associada com a criação de instrumentos mais eficazes de comunicação com a sociedade. Comprometo-me também a fortalecer as setoriais, a deixar a direção mais próxima das bases e a intensificar a presença regular dos dirigentes nos estados. Vamos criar uma nova agenda para o PT que dialogue mais com os jovens, os sem partidos, que nos aproxime mais da intelectualidade. O PT precisa passar por uma renovação cultural que inclusive contribua para formar mais quadros de dirigentes. Uma grande dedicaçãode todos nos é necessária, para que o PT possa ser um partido coletivo. O engajamento e a participação da militância são indispensáveis, com uma estrela no peito e o olhar no futuro”, enfatizou o presidente da legenda durante sua posse.

O Congresso conta com a participação de representantes de partidos sintonizados com o PT na Argentina, Estados Unidos, Colômbia, Espanha, Haiti, Nicarágua, República Árabe, dirigentes do Partido Comunista da China e membros de outros países da Europa.

Em muitos momentos, foram feitas menções a Luiz Gushiken e Marcelo Déda e aos outros dirigentes petistas já falecidos.