América Latina

Dilma defende integração regional com respeito à soberania de cada país

Ao lado do ex-presidente norte-americano Bill Clinton, presidenta falou dos avanços do continente nos últimos anos

Roberto Stuckert Filho/PR

Para Dilma, as organizações e blocos econômicos que reúnem países latino-americanos têm dimensão estratégica

São Paulo –  A presidenta Dilma Rousseff defendeu hoje (6) o projeto de integração latino-americana durante evento promovido pelo ex-presidente norte-americano Bill Clinton e sua fundação – Clinton Global Initiative – no Rio de Janeiro.

Ela descartou, porém,a ideia de o Brasil assumir um papel de liderança sobre o continente. Segundo ela, a integração não comporta tais títulos e relações de poder.

“Recuso o papel qualificado de liderança, por uma razão simples: o projeto de integração em desenvolvimento não há espaço para relações hegemônicas. Exige solidariedade, e é este o caminho que seguimos neste início do século. O verdadeiro processo de integração supõe respeito a soberania nacional dos estados que dele participam.”

O desenvolvimento econômico e social do Brasil e de outros países latino americanos foram pontuados pela presidenta como fruto de um novo período, liberto de “propostas conservadoras” e com maior inclusão social.

“No século 21, houve uma sucessão de mudanças políticas que provocou grandes transações econômicas e sociais na região. Libertos das ditaduras que infelicitaram os países, seguidas de propostas conservadores que frearem o desenvolvimento, aumentaram a desigualdade social e os desequilíbrios macroeconômicos, vivemos uma nova década, um novo período de nossa história, em que priorizamos inclusão social, crescimento, equilíbrio macroeconômico e a expansão e o fortalecimento da democracia.”

O crescimento da economia do Brasil e de seus países vizinhos se deu pela grande expansão comercial com a criação da massa consumidora, de acordo com Dilma.

Ela ainda afirmou que o “dinamismo econômico e social está presente no continente”, e que neste sentido organizações intergovernamentais, como Mercosul, a União de Nações Sul Americanas (Unasul) e a Comunidade dos Estados Latinoamericanos e Caribenhos (Celac), têm papel fundamental. Para otimizar as relações entre os países, Dilma citou a redução de “assimetrias”.

O poder aquisitivo cresceu na maioria dos países e a inflação média caiu. Estes são resultados das novas políticas econômicas aplicadas a cada país, com o incremento do comércio intra regional nos últimos dez anos. Por isso que Mercosul, a Unasul, e a Celac, voltados para as comunidades andinas, são tão importantes. (…) Para uma integração harmônica, devemos reduzir assimetrias entre as cadeias produtivas, com o fortalecimento da infraestrutura e com complementação produtiva.”

Ela afirmou que as organizações e blocos econômicos que reúnem países latino-americanos têm dimensão estratégica, na medida em que são governados por líderes democraticamente eleitos. O Brasil, para Dilma, está associado fortemente à América Latina.

“Associamos o futuro do Brasil ao destino da América Latina, sem se perguntar a preferência política e ideológica de cada presidente. [Organizações] são incompatíveis com a pobreza e a desigualdade que sempre maltratou nosso países e nossas sociedades. Não haverá prosperidade se perdurarem os fenômenos de pobreza na nossa região, que é uma das mais desiguais do mundo, apesar do avanço que tivemos nos últimos anos.”

A presidenta também afirmou que o Brasil teve de arcar, nos últimos dez anos, com escolhas feitas por governantes em décadas anteriores, que construí um país “para poucos”.

“Por muitos anos o Brasil foi pensado como país pequeno, voltado apenas para os países desenvolvidos do planeta, apenas para uma pequena parcela da população. Não foi pensado para todos, nem voltado para todos os países. E no nosso caso, não pensado para nossos vizinhos de América do Sul e Caribe, nem a África.”