Encontro

Dilma e Hollande defendem privacidade na internet e ordem mundial ‘mais justa’

França e Brasil, segundo Dilma, procuram a construção de uma ordem mundial multilateral, mais justa, e baseada no desenvolvimento sustentável

Roberto Stuckert Filho/PR

Dilma reforçou também que Brasil e França são países amigos que tem ‘valores e culturas’ em comum

São Paulo – A presidenta Dilma Rousseff e o presidente da França, François Hollande, defenderam hoje (12) o direito à privacidade na era digital. Em cerimônia de assinatura de atos de cooperação entre Brasil e França, no Palácio do Itamaraty, em Brasília, Dilma afirmou que espera que ambos países consigam “estabelecer parceria em todas as áreas que dizem respeito à defesa cibernética” e convidou Hollande a participar da Reunião Multissetorial Global sobre Governança da Internet, em abril de 2014, em São Paulo.

“A privacidade digital é necessária para a soberania das nações e liberdades individuais e a defesa cibernética é ainda mais importante, porque requer uma reação firme dos países para manter políticas que protejam nossos direitos”, disse Hollande, ao declarar apoio à iniciativa da presidenta.

A visita de Estado do dirigente francês é a primeira desde que assumiu a presidência da França e se estenderá até amanhã (13). O encontro faz parte de uma parceria econômica estabelecida em 2006. Os países assinaram acordos referentes à tecnologia para desenvolvimento de submarinos, supercomputadores, satélites e sistemas de defesa.

No pronunciamento conjunto de hoje, Dilma também expressou a expectativa de estabelecer um acordo de paz com relação ao programa nuclear iraniano. “Precisa haver uma conclusão que atenda às necessidades da comunidade internacional e respeite o direito do Irã de produzir energia nuclear para fins pacíficos”. Hollande foi reticente sobre o tema, argumentando que ainda não vê segurança na produção nuclear iraniana.

“Nós ainda não conseguimos um acordo que fará com que o Irã abandone definitivamente a ideia de possuir uma arma nuclear, ainda que eles possam ter energia”.

Em seu discurso, a presidenta do Brasil exaltou ainda a França como o terceiro destino mais escolhido pelos jovens que participam do programa federal Ciências Sem Fronteiras.

A urgência em “agir conjuntamente” para enfrentar as ameaças do clima foi também pontuada por Dilma. Ela citou a próxima Conferência da ONU sobre Mudança Climática, a COP 21, que ocorrerá em dezembro de 2015, na França. “Esperamos construir um novo instrumento legal pela redução das emissões de gases de efeito estufa”, afirmou Dilma.

Inspiração

A presidenta reforçou que, além de parceiros, Brasil e França são países amigos que têm “valores e culturas” em comum. Além disso, as duas nações, segundo Dilma, procuram a construção de uma ordem mundial multilateral, mais justa, e baseada no desenvolvimento sustentável. Dilma citou a luta contra a ditadura, inspirada nos movimentos de rua de maio de 1968, na França.

“Há uma profunda influência das ideias e das lutas que marcaram a história francesa na cultura política brasileira. Quando minha geração insurgiu-se contra a ditadura militar, nossa luta se inspirou no ambiente libertário e de possibilidades múltiplas que foi maio de 1968. Hoje, temos um propósito consolidado, e uma cooperação vantajosa, em construir uma ordem multilateral, baseada no desenvolvimento sustentável, na paz e na justiça social.”