Apuração

Conselheira do CNJ já tem informações sobre troca de juízes no caso do mensalão

Relatora do pedido apresentado pela OAB estaria interessada em concluir rapidamente apuração sobre conduta de Barbosa, que determinou que juiz com pai do PSDB cuidasse de Dirceu e Genoino

Gil Ferreira/CNJ

Amarante tem até o final de janeiro para tomar uma decisão sobre a conduta do presidente do CNJ

Brasília – O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Joaquim Barbosa, participa durante toda esta terça-feira (17) da 181º sessão do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), órgão que também preside. Em momento algum ele comentou sobre o ofício em que pede informações referentes às condições dos sistemas prisionais de São Paulo e do Distrito Federal para receber José Genoino.

Mas um dos temas mais comentados durante a sessão do CNJ, a última a ser realizada este ano, também faz referência à prisão dos condenados pela Ação Penal 470 (mensalão). Ontem (16) a conselheira Ana Maria Duarte Amarante Brito, relatora de pedido de providências que pode respingar politicamente sobre Barbosa, encaminhou comunicado à Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) informando que o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) já enviou detalhes sobre o caso.

A OAB encaminhou, em novembro, solicitação para que o CNJ apurasse se houve ou não irregularidade na substituição do juiz de execuções criminais encarregado da prisão dos condenados na AP-470, sobretudo José Genoino, José Dirceu e Delúbio Soares. Conforme documentou a entidade, o procedimento foi apresentado ao Conselho em razão de o titular da Vara de Execuções Penais (VEP) do Distrito Federal, Ademar Vasconcelos, ter sido retirado sem maiores explicações. Em seu lugar passou a atuar o juiz substituto Bruno Ribeiro, filho de um dirigente do PSDB em Brasília, mudança realizada a pedido de Barbosa.

O entendimento do Conselho Federal da OAB e de vários operadores de Direito é que não compete ao presidente do STF determinar a tribunais a troca ou não de juízes que atuem numa VEP sem a realização de algum procedimento que verifique, antes, se houve irregularidade na conduta destes magistrados. Na prática, a OAB não abordou, no pedido de providências, o nome do ministro, uma vez que, como presidente do CNJ e integrante do colegiado do STF, ele não pode ser punido pelo Conselho – o STF é o único órgão que está acima do CNJ no Judiciário. Mas a apuração é, diretamente, dirigida à conduta de Joaquim Barbosa.

Prazo para a OAB

Embora a relatora tenha afirmado desde o início que só falará sobre o caso por meio dos autos, durante a apresentação do seu relatório e voto, já se sabe que na última sexta-feira (13) o presidente do Tribunal de Justiça do Distrito Federal, desembargador Dácio Vieira, encaminhou resposta ao CNJ. Nos bastidores do órgão, o que se comenta é que Vieira teria atestado não ter acontecido nada de anormal na substituição dos magistrados. Como de praxe, a conselheira encaminhou então à OAB, que é autora do procedimento, a resposta recebida pelo magistrado. A Ordem terá, agora, um prazo para se manifestar outra vez a respeito, junto ao CNJ, até o dia 6 de janeiro.

Quando foi divulgado que a relatoria do pedido de providências ajuizado pela OAB tinha ido para Ana Maria Amarante, conselheiros e magistrados acenderam uma luzinha verde de desconfiança em relação à tramitação do processo. Em primeiro lugar, pelo fato de a magistrada ser desembargadora do próprio tribunal. Em segundo lugar, por ter ficado próxima de Barbosa nos últimos meses e ter sido indicada para o Conselho pelo STF.

A relatora, entretanto, não foi indicada por interferência direta do ministro. Além disso, tem demonstrado agilidade na apreciação da matéria, assim como uma conduta ética e carregada de seriedade, segundo a opinião de colegas conselheiros. Conforme o rito processual do órgão de controle do Judiciário, protocolado o procedimento, a desembargadora tem aproximadamente dois meses para apresentar seu relatório (prazo que seria encerrado no final de janeiro) – podendo este prazo ser ampliado caso seja observada alguma dificuldade na apuração das informações necessárias.