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Secretário admite ter recebido suposto intermediário de propina em seu gabinete

Jurandir Fernandes alega que insuflar intimidade com gestores públicos é natural entre lobistas

William Volcov/Brazil Photo Press/Folhapress

Secretário de Transportes, Jurandir Fernandes, disse que já deu todas as explicações sobre o caso

São Paulo – O secretário estadual de Transportes Metropolitanos de São Paulo, Jurandir Fernandes, admitiu na manhã de hoje (21) ter recebido o diretor presidente da Procint, Arthur Teixeira, suspeito de intermediar o repasse das propinas do esquema de corrupção no Metrô paulista, “por três vezes” em seu gabinete. Fernandes é um dos secretários citados pelo ex-diretor da Siemens Everton Rheinheimer, como tendo “intensa relação com Teixeira”, em relatório entregue ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), em que denuncia o esquema.

“Eu conheço o Teixeira. Tive de fazer um levantamento correndo para saber o grau de intimidade que eu tenho com ele. Duas vezes ele acompanhou um grupo de portugueses da Efacec. E uma outra ele veio apresentar a empresa dele, que é a referida na reportagem (d’O Estado de São Paulo). Essa é a intimidade que tenho com ele”, disse Fernandes, em coletiva de imprensa do lançamento do Bilhete Único Mensal, na sede da prefeitura de São Paulo.

De acordo com a investigação do Ministério Público e da Polícia Federal, suspeita-se que a Procint Projetos e Consultoria Internacional geria a destinação da propina.

Fernandes afirmou que ser dito que ele é íntimo do lobista é uma coisa normal. “Isso é muito natural, os lobistas fazem muito isso. Imagina um lobista em busca de clientes. Ele deve dizer ‘o presidente do Metrô? Nossa, consigo sim. O secretário? Fique tranquilo, eu tenho boa relação com ele’. Nenhum deles vai dizer que tem dificuldade em contatar alguém”, defendeu-se.

Para ele, não há mais o que explicar, já que a denúncia apresentada hoje pelo jornal é requentada, e o documento apresentado data de 17 de abril deste ano. “Esse assunto já foi bastante explorado naquela matéria da revista semanal (Isto É). Eu já dei todas as explicações”, afirmou. Segundo Fernandes, não há denúncia de propina contra ele. “(O funcionário da Siemens) cita meu nome, mas destaca com um asterisco. O meu nome não se refere a propina. É apenas quem mantém um relacionamento intenso com o Teixeira”, alegou.

O secretário afirmou ainda que desconhece as denúncias quanto aos demais secretários e o senador Alysio Nunes (PSDB) e disse que prestará todos os esclarecimentos que o Ministério Público vier a solicitar.

O ex-diretor da Siemens sustenta que o senador Aloysio Nunes e o secretário Rodrigo Garcia (Desenvolvimento Social), além do próprio Fernandes, tinham estreita relação com Teixeira.

Além deles, o secretário da Casa Civil da gestão Geraldo Alckmin (PSDB), Edson Aparecido, e o deputado federal Arnaldo Jardim (PPS-SP) teriam sido citados pelo lobista como destinatários das propinas pagas pelas empresas de sistema ferroviário Bombardier, Siemens, Alstom, CAF, MGE, T’Trans, Temoinsa e Tejofran. O ex-governador do Distrito Federal (DF) José Roberto Arruda e o atual vice-governador do DF, Tadeu Filippelli, também estariam envolvidos com o esquema.

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