Transportes

Presidente da Alstom ‘passa mal’ e não depõe em CPI da Câmara Municipal de São Paulo

Depois de cair liminar que o dispensava de falar sobre cartel, executivo foi ao local, mas deixou plenário alegando queda de pressão. 'Não passa mal quando festeja grandes contratos, ironiza vereador

Luiz França/Câmara Municipal

Se executivo não comparecer no dia 28, será objeto de “convocação coercitiva”, diz vereadora

São Paulo – O depoimento do presidente da Alstom, Marcos Costa, à CPI dos Transportes da Câmara Municipal de São Paulo, agendado para hoje (7), foi transferido para o próximo dia 28. Costa teria passado mal e seus advogados alegaram que ele não poderia depor. O executivo esteve na Casa, mas foi embora devido ao suposto mal-estar.

“Ninguém pode ser ouvido se não estiver em plenas condições físicas. A CPI compreendeu a situação e no dia 28 ele voltará e dará as explicações necessárias”, justificou o advogado Roberto Lopes Telhada, que representa a Alstom.

Segundo o outro advogado que acompanhou o executivo na Câmara Municipal, Pedro Estevam Serrano, o executivo “teve uma queda de pressão e ele começou a suar frio”. O vereador Adilson Amadeu (PTB) chamou o presidente da Alstom de “fujão”.

“Eles [empresários ligados a empresas supostamente envolvidas com o cartel do transporte metroferroviário de São Paulo] não passam mal quando festejam grandes contratos. Aí não tem pressão alta, nem gripe, nem pressão baixa”, disse o parlamentar.

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A vereadora Edir Sales, líder do PSD na Câmara e relatora da CPI, afirmou no plenário estar insatisfeita com o andamento da comissão. “A ausência do presidente da Alstom foi injustificada, não trouxe nem atestado médico. Se ele não vier dia 28, vou pedir a convocação coercitiva dele”, prometeu.

Telhada declarou também que seu cliente, que tomou posse na presidência da multinacional francesa em agosto de 2012, não estava no cargo no período em que a formação do cartel teria ocorrido em São Paulo. As investigações do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) a partir de denúncia da multinacional alemã Siemens se estendem de 2000 a 2007.

Os depoimentos de dois outros representantes da Alstom, Marco Aurélio Machado (diretor financeiro) e Marco Contin (diretor geral de Transporte), não foram realizados porque, segundo o advogado, “os dois estavam aí para ser assessores”. “Como o presidente está no cargo há um ano, e as questões remontam a um tempo anterior que ele não conhece, então essas pessoas talvez pudessem subsidiar algumas respostas por estarem diretamente relacionadas com as áreas que são objeto de investigação”, explicou.

Uma liminar concedida em outubro pelo juiz da 10ª Vara da Fazenda da Fazenda Pública, Valentino Aparecido de Andrade, desobrigou representantes da Alstom de prestar esclarecimentos na CPI, que, segundo o magistrado, não tem poderes para convocar Costa, já que os contratos em questão se relacionam ao Metrô e à CPTM, do governo do estado. No entanto, na última terça-feira (5) o Tribunal de Justiça de São Paulo derrubou a liminar.

A CPI foi instalada após os protestos de junho para apurar as planilhas de custos do transporte. Como o metrô faz parte do sistema integrado com os ônibus, a comissão, presidida pelo vereador Paulo Fiorilo (PT), entende que os contratos das empresas envolvidas no cartel, como a Alstom, podem interferir no valor das tarifas.

“Nós queremos saber o impacto que tem na tarifa a manutenção realizada pela Alstom no sistema de trens, que está interligado com o sistema da cidade. E entender o impacto que uma possível formação de cartel causou no custo do transporte”, explicou Fiorilo no dia 19 de outubro.

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