Escândalo

Piloto de helicóptero com cocaína era homem ‘de confiança’ de Perrella, diz advogado

Defensor de Rogério Antunes afirma que pretende pedir quebra do sigilo telefônico de seu cliente para provar que deu dois telefonemas para deputado do PSDB mineiro antes de voar

Lucas Prates/Folhapress

Perrella estaria tentando empurrar o problema para o piloto, segundo advogado que o defende

São Paulo – Em entrevista ao blogue Viomundo, o advogado do piloto Rogério Almeida Antunes, Nicácio Pedro Tiradentes, afirmou que o deputado estadual Gustavo Perrella (Solidariedade-MG) mentiu ao dizer que o piloto roubou o helicóptero apreendido em uma fazenda no município de Afonso Cláudio, Espírito Santo, com mais de 400 quilos de cocaína.

Segundo o advogado, o piloto era homem “de confiança” do deputado, filho do senador e ex-presidente do Cruzeiro, Zezé Perrella (PDT-MG), “não fez nada sem autorização” e teria dado dois telefonemas para Gustavo Perrella antes de levar a carga. Para provar isso, ele disse que pretende pedir a quebra do sigilo telefônico do seu cliente. “Deu duas ligações [para o deputado]. Aí que mora o perigo.”

Pela versão de Tiradentes, o piloto e o deputado acreditavam que o voo carregava implementos agrícolas. Ele acusou o parlamentar do Solidariedade de “empurrar o pepino” para o piloto. “O deputado não poderia enlamear o menos favorecido pela sorte”, disse Nicácio Tiradentes. O advogado também declarou que a fazenda para onde o helicóptero voava para levar a carga era de propriedade de Zezé Perrella.

Enigmático, o advogado de Gustavo insinuou a suposta intenção de livrar uma pessoa “de posses” que acompanhava o voo, mas não identificou quem seria. Ele teria um encontro marcado com essa pessoa hoje, para obter novas informações.

Junto com o piloto, foram presos o co-piloto Alexandre José de Oliveira Júnior, de 26 anos, o comerciante Róbson Ferreira Dias, de 56, e Everaldo Lopes de Souza, de 37.

Nicácio Tiradentes informou que pretende entrar nas próximas horas com habeas corpus para tirar o piloto da cadeia.

De acordo com o jornal O Estado de Minas, o piloto era “agente de serviço de gabinete da Assembleia Legislativa de Minas Gerais”, tinha salário de R$ 1,7 mil e estaria lotado desde abril de 2013 na 3ª Secretaria da casa, cuja presidência é do deputado Alencar da Silveira Júnior (PDT). O parlamentar prometeu demitir Antunes.