Corrupção em SP

Novas denúncias contra tucanos aumentam exigência de CPI, afirma deputado

Ex-diretor da Siemens afirmou que atual secretário da Casa Civil do governo Alckmin (PSDB), Edson Aparecido (PSDB), entre outros, foi apontado como recebedor de propina das multinacionais suspeitas

Marcelo Camargo/ABr

O secretário estadual de Transportes, Jurandir Fernandes, é apontado como participante no esquema

São Paulo – Novas evidências do envolvimento do alto escalão do PSDB, partido à frente do governo do estado de São Paulo, com o cartel nas licitações do metrô e Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), entre 1998 e 2008, fazem o deputado estadual Luiz Cláudio Marcolino (PT) afirmar que a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) é “fundamental” para dar andamento às investigações.

Em relatório entregue no dia 17 de abril ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e divulgado no último fim de semana, o ex-diretor da Siemens Everton Rheinheimer afirma dispor de “documentos que provam a existência de um forte esquema de corrupção no Estado de São Paulo durante os governos (Mário) Covas, (Geraldo) Alckmin e (José) Serra, e que tinha como objetivo principal o abastecimento do caixa 2 do PSDB e do DEM”.

“Nós queremos transparência no processo. Com a instalação da CPI, podemos quebrar sigilo bancário, sigilo fiscal, telefônico. É um processo transparente que a população pode acompanhar. Já as investigações do Ministério Público e da Polícia Federal correm em sigilo”, disse à Rádio Brasil Atual.

O ex-diretor da empresa alemã afirmou também que o hoje secretário da Casa Civil do governo Geraldo Alckmin (PSDB), deputado licenciado Edson Aparecido (PSDB), foi apontado pelo lobista Arthur Teixeira como recebedor de propina das multinacionais suspeitas de participar do cartel dos trens em São Paulo entre os anos de 1998 e 2008.

O documento também faz menção ao senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), e aos secretários estaduais José Aníbal (Energia), Jurandir Fernandes (Transportes Metropolitanos) e Rodrigo Garcia (Desenvolvimento Econômico).

Trata-se do primeiro documento oficial que vem a público que faz referência a supostas propinas pagas a políticos ligados a governos tucanos. Até agora, o Ministério Público e a Polícia Federal apontavam suspeitas de corrupção que envolviam apenas ex-diretores de estatais como a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM).

“Estamos com 28 assinaturas. Esperamos novos debates na Assembleia, e agora com as novas denúncias, com os detalhes de envolvimento de pessoas que efetivamente podem ter participado ativamente de corrupção, esperamos que os deputados que dão sustentação ao governo de Alckmin possam assinar o requerimento e que possamos dar continuidade a essa investigação”, diz Marcolino.

O governador Geraldo Alckmin informou na última sexta-feira (22) que vai pedir acesso aos documentos em posse da Polícia Federal antes de tomar qualquer atitude em relação às acusações contra seus auxiliares. Segundo ele, já está na Justiça um pedido para ter acesso a íntegra das informações relatadas pela Siemens.

Ouça aqui a reportagem de Cláudia Manzano.

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