Campo de Libra

Dilma chama de ‘xenofobia burra’ ataques a estatais chinesas do pré-sal

Durante anuncio de R$ 5,4 bilhões para metrô e trens em São Paulo, presidenta, Alckmin e Haddad trocam afagos

Roberto Stuckert Filho/PR

No discurso, Dilma criticou ‘complexo de vira-latas’ que não permitia investimentos e parcerias

São Paulo – A presidenta Dilma Rousseff disse hoje (25) que os ataques às duas estatais chinesas que integram o consórcio ganhador do leilão de libra realizado segunda-feira (23) são “xenofobia burra”. Após o leilão, analistas da imprensa tradicional passaram a questionar a eficiência das empresas e a destacar a notícia de que executivos de uma delas estão sob investigação na China.

“O campo de Libra de um petróleo com uma excelente qualidade, aceitável para grandes empresas internacionais explorarem”, afirmou Dilma. “Só uma xenofobia, e toda a xenofobia é burra, para ignorar o que significa uma empresa chinesa de petróleo. Eles são os maiores importadores de petróleo, o que significa que são os maiores controladores dos fluxos comerciais.”

A declaração foi feita durante cerimônia de liberação, pelo governo federal, de R$ 5,4 bilhões para a expansão de linhas de metrô e de trens da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo estadual de São Paulo.

Dilma já havia afirmado em cerimônia que há no Brasil um preconceito contra os chineses e defendeu, mais uma vez, a participação das duas estatais chinesas no consórcio vencedor para a exploração do Campo de Libra, afirmando sua competência.

“É uma tolice ter preconceito. Uma das empresas é segunda do mundo, outra é a quarta. Pensar diferente é de uma ingenuidade absurda. Eu prefiro ingenuidade que xenofobia, porque ingenuidade tem cura, xenofobia não”, disse.

Ela ressaltou que o modelo de partilha para a exploração do pré-sal é melhor que o modelo de concessões, e que representará, com a destinação de 75% do fundo social do pré-sal para a educação, “um passaporte para o futuro”.

“O fundo social não era usual, vem do modelo de partilha, vem do fato de que nele cobramos pela exploração em petróleo, chamado excedente em óleo, essa é aparte do leão. Com o modelo de concessão não se sabe onde está petróleo, há um enorme risco. Quem achar fica com o que achar. Com a partilha não. (…) É importante porque vamos transformar essa riqueza em passaporte para o futuro do Brasil, transformar em conhecimento. É nossa garantia de que não seremos um país rico com uma nação pobre.”

Afagos

O governador Geraldo Alckmin (PSDB) e o prefeito Fernando Haddad (PT) ressaltaram a importância da parceria entre governos para obras no transporte público. Segundo Haddad, a implantação de faixas exclusivas e de corredores de ônibus são mostras da “priorização definitiva do transporte público” e da decisão de “democratizar o espaço viário”. Ele agradeceu Alckmin pela parceria e pelo apoio.

O governador retribuiu os agrados, afirmando que o “histórico de boa parceria com o governo federal e a presidenta Dilma fortalece a democracia” e o “bem comum”.

Dilma, por sua vez, também fez elogios ao governador, mas condenou a falta de política de mobilidade em governos anteriores, sem nominar a gestão tucana de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002). De acordo com a presidenta, as décadas de 1980 e 1990 não tiveram uma política de mobilidade coordenada.

“Estamos em processo de amadurecimento do país, de abandonar o complexo de vira-latas, este complexo está sendo superado nos transportes, todos reconhecemos que é estratégico para o país, não só para São Paulo”, afirmou. “Tanto nós, como governadores e prefeitos, temos de ter muito diálogo. Quero dizer que Brasil mudou no fato de termos condições de estabelecer parcerias suprapartidárias, possibilitam que executemos o trabalho que nos cabe.”

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