No Sul

Dilma afirma que copo do Brasil está ‘meio cheio com viés de alta’

Presidenta ressalta durante cerimônia em Porto Alegre que destinação de royalties a educação só foi aprovada pelo Congresso graças à pressão popular e que brasileiros não querem volta ao passado

Roberto Stuckert Filho/Planalto

Presidenta afirma que governante deve ser insistente para conseguir levar adiante obras de infraestrutura

São Paulo – A presidenta Dilma Rousseff cobrou hoje (12), em Porto Alegre, que se tenha uma visão mais otimista sobre a situação do Brasil e que as figuras públicas trabalhem para melhorar a execução de obras e a prestação de serviços públicos. “Na discussão do copo cheio e do copo vazio, tem ganhado muito o copo meio vazio. Vamos tentar dar um pouquinho de vitória para o copo meio cheio, porque caso contrário ele não enche nunca”, afirmou, na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, ao anunciar a liberação de R$ 4,8 bilhões para mobilidade urbana e a entrega de máquinas agrícolas para municípios do interior.

“O copo está meio cheio com viés de alta”, acrescentou, na parte final de seu discurso, ao elencar dados que, na visão dela, mostram a solidez da economia brasileira. Dilma afirmou que há muitas dificuldades em obras de engenharia no país, e que é preciso ter “determinação” e “teimosia”. “Dessa insistência que a gente sabe que é feita a melhor das vontades políticas.”

Ela recordou que a liberação de recursos para mobilidade faz parte da agenda pós-manifestações, fechada com governadores, Congresso e Judiciário. No total, o governo federal liberou R$ 50 bilhões para o setor após os atos, interpretando que as dificuldades de locomoção são um dos motivos para a insatisfação da população. “As pessoas querem serviços públicos de qualidade. Elas não querem voltar para o passado. Querem avançar para o futuro”, afirmou. “Nós, do governo federal, sempre achamos que toda conquista é apenas o começo. Porque toda conquista leva a outra conquista.”

Ela afirmou que, no caso específico da mobilidade urbana, deixou-se de investir porque, até o começo dos governos do PT, predominava a visão de que metrô é um meio de transporte para países ricos. Para a presidenta, porém, esta é a única maneira de solucionar os problemas das grandes cidades brasileiras. “Esse é o complexo de vira-lata. Você nunca acha que pode vencer, que o país pode mais”, argumentou.

Ela elencou vários dos pontos trabalhados pelo governo federal após as manifestações, como o Mais Médicos, agradecendo a Câmara pela aprovação da medida provisória que cria e normatiza o programa. Dilma citou ainda a reforma política, encaminhada pelo governo ao Congresso, que a engavetou. “Depende do parlamento, mas depende sobretudo do interesse do nosso país de ter uma reforma política que dê mais transparência. E ajustamento ao fato de que somos uma democracia experiente.”

“Para nós há um resultado muito importante desse processo de pactuação. Acredito que a destinação dos royalties de petróleo da educação foi uma grande conquista assegurada por esse momento político. Por duas vezes mandei para o Congresso a destinação de 100% dos royalties para educação e não consegui aprovar. Agora conseguimos uma destinação bastante correta, até por solução dos parlamentares, de 75% para educação e 25% para saúde”, acrescentou.