entrevista

Lula diz que é ‘preciso brigar’ por reforma política com validade para 2014

Ex-presidente recorda que oposição se queixa de melhores condições na saúde, mas acabou com a CPMF; critica proposta de fim da reeleição e defende que Dilma é a candidata do PT no próximo ano

Lula: “A reforma politica é condição sine qua non para mudar muita coisa no Brasil”

São Paulo – O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva cobrou hoje (18) que se trabalhe para aprovar a reforma política com regras válidas já para as eleições de 2014. Durante entrevista coletiva após conferência em São Bernardo do Campo, no ABC paulista, o petista afirmou que é preciso “brigar por isso”. “A reforma politica é condição sine qua non para mudar muita coisa no Brasil”, disse Lula. “Quando as pessoas querem uma coisa, você tem de debater para saber se é possível ou não.”

Nas últimas semanas, parte da base aliada e a oposição têm dito que não há tempo de promover a consulta ainda este ano, a tempo de que as mudanças sejam aplicadas nas disputas de deputados, senadores, governadores e presidente. A Câmara instalou esta semana um grupo de trabalho com representantes de todos os partidos que deve apresentar propostas em até 90 dias para que sejam levadas a plenário. Alguns parlamentares trabalham com a ideia de que o melhor é restringir as mudanças ao crivo do Legislativo, e que no máximo a população seja chamada a referendar o que for votado no Congresso.

Durante a breve conversa com jornalistas, Lula criticou a proposta do senador Aécio Neves (PSDB), provável adversário de Dilma em 2014, de acabar com a reeleição. “É importante lembrar que a gente não tinha reeleição. Com medo de mim, aprovaram mandato de quatro anos e fim da reeleição. Agora querem acabar para impedir a Dilma de se reeleger. Acho que quatro anos de mandato, para alguém conseguir fazer alguma obra nesse país, é quase impossível.”

O ex-presidente cobrou também que a oposição recorde o passado quando atribui os problemas na saúde às gestões federais do PT. Lula recordou que a base contrária ao Planalto foi responsável, em 2007, por aprovar no Congresso o fim da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), uma alíquota de 0,08% sobre cada operação deste tipo que ajudava os órgãos de controle a rastrear irregularidades e financiava a saúde no país.

“O que é importante lembrar, e que não vi colocado em lugar nenhum, é que alguns políticos que estão dizendo agora na oposição que precisa melhorar a saúde acabaram com a CPMF. Eles tiraram, se somar quatro anos do segundo mandato e dois anos e meio da Dilma, tiraram R$ 550 bilhões da saúde”, destacou. “É triste. O povo sabe, a Dilma sabe, eu sei, você sabe que é preciso melhorar a saúde, o transporte, a habitação, que é preciso melhorar tudo.”

Nos primeiros comentários públicos sobre as manifestações de junho, Lula pediu aos jovens presentes a uma conferência sobre política externa promovida pela Universidade Federal do ABC (UFABC) que acreditem nas instituições políticas para promover as mudanças necessárias no país. Depois, na conversa com jornalistas, o petista voltou a comentar o tema. “Todos nós ficamos surpresos com a capacidade de mobilização que teve o Brasil. Isso é uma coisa extraordinária. Demonstra que o povo está ávido a participar da vida democrática deste país.”

Leia também

Últimas notícias