Defasagem

Brasil está na infância em defesa cibernética, reconhece Celso Amorim

Em reunião com senadores e deputados, ministro da Defesa reconhece vulnerabilidade do país e sugere construção de sistema próprio para tráfego de informações digitais

José Cruz/Agência Brasil

Patriota (e) e Amorim dizem que o país estuda reações às denúncias sobre espionagem

São Paulo – O ministro da Defesa, Celso Amorim, afirmou hoje (10), durante audiência conjunta das comissões de Relações Exteriores da Câmara e do Senado, que o Brasil está na “infância” em matéria de defesa cibernética. “Estamos ainda na infância, não é nem adolescência”, classificou, reconhecendo a vulnerabilidade do país na área. “A situação em que a gente se encontra hoje é realmente de vulnerabilidade. Por mais que tenhamos proteção dos dados sigilosos pela criptografia, a mera detecção sobre o tipo de contato mantido já é uma informação de valor analítico para um eventual adversário do país.”

Amorim participou de sabatina com parlamentares juntamente com os ministros das Relações Exteriores, Antonio Patriota, e do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, general José Elito de Carvalho Siqueira. O encontro foi requisitado em resposta às revelações do jornal O Globo, que no final de semana publicou reportagens que denunciam um esquema de espionagem dos Estados Unidos sobre cidadãos, empresas e instituições brasileiras. O esquema contaria com uma unidade de monitoramento de dados digitais – comunicações telefônicas e internet – instalada em Brasília. As evidências nascem de documentos confidenciais vazados pelo ex-espião norte-americano Edward Snowden.

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De acordo com Amorim, o país já conta com um Centro de Defesa Cibernética mantido pelo Exército, mas alertou que a unidade é bastante jovem – foi criada em 2011 – e recebe orçamento insuficiente para garantir a inviolabilidade dos dados informacionais gerados e transmitidos pelo Brasil: cerca de R$ 100 milhões por ano. O ministro garantiu que as Forças Armadas estão discutindo internamente a possibilidade de o país ter sido efetivamente espionado pelos Estados Unidos, como garantem os vazamentos.

Caso as evidências sejam confirmadas, a atitude de Washington será considerada uma “violação de soberania” pelo governo federal, conforme adiantou a presidenta Dilma Rousseff. A interpretação foi ratificada hoje por Patriota, que anunciou que o Brasil levará o caso para ser discutido na Organização das Nações Unidas. “Ainda estamos estudando mecanismos para isso.”

Uma das maneiras de reduzir a vigilância estrangeira, considerada inevitável, seria a construção de um sistema nacional de infraestrutura para troca de dados digitais – por exemplo, o lançamento de um satélite brasileiro ou a construção de redes de fibra ótica. A deficiência foi apontada pelo ministro da Defesa.

“Nenhum país consegue proteger todas as suas informações, mas é preciso criar uma consciência para o problema, que não tem uma solução absoluta”, justificou. “As redes propriamente não têm um sistema brasileiro de proteção. As ferramentas todas que existem são estrangeiras. Umas das necessidades mais urgentes é desenvolvimento científico e tecnológico nessa área.”

Com informações da Agência Câmara, Agência Senado e O Globo


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