Sob pressão

Congresso acelera votações após manifestações populares

Deputados e senadores impõem novo ritmo de trabalho às sessões para responder às ruas com ‘agenda positiva’

Ag. Câmara

Sessão plenária da Câmara dos Deputados que aprovou destinação de royalties do petróleo. Votações aceleradas no Congresso

São Paulo – Os intensos protestos que agitaram o país nas duas últimas semanas alteraram bastante o cotidiano do Congresso. Pressionados pelas ruas, os presidentes da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), implementaram uma agenda de votações a toque de caixa para passar uma mensagem positiva à população.

Os projetos apreciados (leia tabela abaixo) visaram principalmente a oferecer respostas às principais demandas vocalizadas pelas manifestações, a começar pela rejeição da polêmica Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 37, que acabava com o poder de investigação do Ministério Público.

Demanda inicial do Movimento Passe Livre (MPL), que desencadeou as primeiras passeatas, a mobilidade urbana foi contemplada com três projetos. A Comissão de Assuntos Econômicos do Senado aprovou em primeira votação o Regime Especial de Incentivos para o Transporte Coletivo Urbano e Metropolitano de Passageiros (Reitup), demanda dos prefeitos.

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Os deputados aprovaram projeto que reduz as alíquotas de PIS/Pasep e Cofins sobre os serviços de transporte público, que vai para o Senado. Também na Câmara, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) decidiu pela admissibilidade da PEC 90, da deputada Luíza Erundina (PSB-SP), que inclui o transporte no rol de direitos sociais garantidos pela Constituição.

Para a educação, foi aprovado na Câmara o PL que destina à área 75% dos royalties do petróleo e 50% do fundo do pré-sal – a saúde recebe reforço de 25% dos royalties. O projeto segue agora para o Senado, que deve votá-lo na semana que vem. Além disso, Calheiros promete colocar em votação o Plano Nacional de Educação (PNE).

O combate à corrupção, demanda das manifestações bastante amplificada pelos meios de comunicação, foi contemplado com a classificação do crime de corrupção como hediondo, aprovada no Senado e encaminhada para a Câmara, e a instituição do voto aberto para processos de cassação de mandato parlamentar, aprovada na CCJ da Câmara.

Outras medidas cuja tramitação estava parada a tempos avançaram, como a PEC do Trabalho Escravo, aprovada na CCJ do Senado, mas com um acordo perigoso que prevê rediscutir a definição de trabalho escravo.

A votação da pauta positiva vai continuar nas próximas sessões do Congresso. Ontem (27), a Senado aprovou regime de urgência para mais duas medidas incluídas na pauta positiva. A primeira é PLS 248/2013, de autoria do presidente da casa, Renan Calheiros, que institui o passe livre estudantil em todo o país, assegurando gratuidade no sistema de transporte público coletivo local a estudantes do ensino fundamental, médio ou superior regularmente matriculados e com frequência comprovada em instituição pública ou privada. Além dela, será apreciada também a PEC 6/2012, do senador Pedro Taques, que exige “ficha limpa” para preenchimento de cargos e funções comissionadas no serviço público.