Queda de braço

Contra a MP, Força Sindical anuncia greve nos portos de Santos, Rio e Paranaguá

Paralisação ocorre nos portos de Santos, Rio de Janeiro e Paranaguá; CUT, CTB, UGT e Nova Central assinam nota de apoio ao texto aprovado na comissão mista

Ministério do Planejamento

Para Paulinho da Força, o governo descumpriu o acordo feito na comissão mista

Rio de Janeiro – Contrariado com o encaminhamento dado na Câmara dos Deputados à votação da MP dos Portos, o deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), presidente da Força Sindical, anunciou que os trabalhadores dos portos de Santos, Paranaguá e Rio de Janeiro iniciaram greve por tempo indeterminado desde as 13h de hoje (14). Segundo Paulinho, que foi contestado por outros deputados, o texto costurado pelo governo para votação em plenário tira dos trabalhadores portuários filiados ao Órgão Gestor de Mão-de-Obra (Ogmo) a possibilidade de serem contratados pelos gestores dos novos portos privados.

Paulinho acusou o governo de ter desonrado o acordo firmado com os trabalhadores filiados à centrais sindicais: “Participamos de ampla negociação com o governo e fizemos um acordo na comissão mista que beneficiava os trabalhadores do porto. Mas esse acordo não foi cumprido, teve uma fraude no acordo”, disse. O deputado queria a retirada, no artigo 36 da MP, do item que determina que os trabalhadores do Ogmo somente poderão trabalhar em “portos organizados”.

“Apresentamos a emenda 115, do deputado Márcio França, para retirar o artigo 36 sobre trabalho portuário. O relator aceitou a mudança, mas depois não incluiu a retirada dessa expressão ‘portos organizados’, ou seja, os portos atuais. Isso significa que os novos portos não poderão ter trabalhadores do Ogmo, pessoas que construíram os portos brasileiros. Por isso, os trabalhadores estão em greve por tempo indeterminado no Rio, em Santos e em Paranaguá pelo direito também de trabalhar nos portos privados. Vamos lutar contra a malandragem e sacanagem contra os trabalhadores dos portos”, disse.

Força isolada

O líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), defendeu o texto da MP dos Portos e lembrou que todas as outras grandes centrais sindicais do Brasil – CUT, CTB, UGT e Nova Central – divulgaram nota em apoio à proposta costurada na comissão mista que analisou o tema: “Na opinião do governo, o acordo foi cumprido e o governo cumpriu tudo aquilo que foi proposto. A maioria das centrais sindicais concordou em nota e nós queremos votar para manter o integral do acordo”, disse.

A deputada Iriny Lopes (PT-ES) também criticou a postura da Força Sindical: “São 17 pontos, e todos estão firmados com as centrais sindicais. Os trabalhadores têm consciência de que a atração de investimentos privados é necessária para dar competitividade aos portos brasileiros. Por que o Brasil tem que ficar para trás em relação a outros países emergentes?”, disse.

O apoio das quatro centrais ao relatório do senador Eduardo Braga (PMDB-AM) na comissão mista foi comentado pelo presidente da CUT, Vagner Freitas: “O que está no texto do relator foi o que discutimos anteriormente. A contratação dos trabalhadores será feita através de uma negociação do empresariado com o sindicato representante desses trabalhadores. É esse o acordo que nós temos”, disse.

Codesp

Procurada pela Agência Brasil, a Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), que administra o Porto de Santos, informou que a movimentação no porto teve início por volta das 14h30 e que, até o momento, isso afetou parcialmente as operações de uma embarcação.