Muita gente queria neutralizar a Comissão de Direitos Humanos, diz Nilmário Miranda

Deputado e ex-ministro diz que 'há uma parcela da sociedade que se deixa levar por um discurso fundamentalista, medieval' e abandona colegiado

Nilmário queixa que Feliciano está aproveitando a confusão para se promover (Foto: Luis Macedo. Agência Câmara)

São Paulo – Quando o deputado Pastor Marco Feliciano (PSC-SP) assumiu a presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara, há pouco mais de um mês, Nilmário Miranda (PT-MG) decidiu permanecer na CDH para evitar a “desmoralização” do colegiado. Hoje (17), ao lado de cinco colegas, resolveu sair. “Não se trata dele isoladamente. Tem um grupo aqui dentro que queria neutralizar a CDH. E ele está se promovendo, há uma parcela da sociedade que se deixa levar por esse discurso fundamentalista, medieval”, afirma o ex-ministro da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República.

Para Nilmário, havia uma expectativa da bancada do PT na comissão de que a maioria dos partidos e a Mesa Diretora conseguissem tirar Feliciano da presidência, mas ele resistiu às pressões, além de contar com apoios importantes, como o de Eduardo Cunha (RJ), líder do PMDB na Câmara. “A única saída seria a renúncia dele, que está gostando desse papel de desmontar a CDH”, diz o deputado.

Agora, a avaliação dos deputados que decidiram deixar a comissão foi que permanecer representaria legitimar as ações da atual presidência. “Eles têm número para manter a comissão. Eu gostaria de continuar, questionando, mas não com sessões fechadas. Ou usando a polícia legislativa, chegando ao ponto de prender pessoas.” Nilmário lembrou que o requerimento para o seminário LGBT, promovido há nove anos pelo Congresso, desta vez foi feito pela Comissão da Educação e Cultura. O evento será realizado no mês que vem.

“Vamos usar outros espaços da Câmara”, afirma o deputado. “Mas é triste ver a Comissão de Direitos Humanos ser usada desse jeito.” A frente parlamentar criada após a eleição de Feliciano tem viagens programadas a Goiânia, onde há ações contra moradores de rua, e ao Acre, que vive uma crise humanitária envolvendo imigrantes haitianos. “A única coisa positiva foi essa reação da sociedade, que discutiu homofobia, racismo. A sociedade se mobilizou como há muito não se via.”

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