1º de Maio da Força reunirá adversários de Dilma no mesmo palanque

Possíveis candidatos a presidente no ano que vem, Aécio Neves, Marina Silva e Eduardo Campos participarão de ato onde a central pedirá a adoção de um gatilho salarial

Paulinho, presidente da Força Sindical, quer reajuste automático a cada vez que a inflação chegar a 3% (Foto: Marcelo Camargo / ABr)

Rio de Janeiro – Em fase de nova migração para a oposição, o presidente da Força Sindical, deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho (PDT-SP), pretende transformar o ato de 1º de Maio organizado pela central nesta quarta-feira (1º) em São Paulo em um grande palanque para os prováveis adversários da presidenta Dilma Rousseff nas eleições do ano que vem. Convidados pelo sindicalista, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), o senador Aécio Neves (PSDB-MG) e a ex-ministra Marina Silva (Rede) já confirmaram presença no ato que será realizado em Santana, zona norte da capital paulista.

O novo mote encontrado por Paulinho no esforço de se opor ao Planalto é a aprovação na Câmara dos Deputados do Projeto de Lei 4.470, de 2012, que estabelece restrições de tempo de tevê e de acesso ao fundo partidário para novos partidos que venham a ser criados no Brasil.

Se confirmada no Senado a articulação organizada pelos dois maiores partidos do governo – PT e PMDB – para dificultar a criação de novas legendas, Paulinho verá frustrada a tentativa de criar um novo partido, o Solidariedade, a partir de sua base sindical. O sindicalista afirma que já coletou as 500 mil assinaturas necessárias para viabilizar a nova legenda, mas, sem verba do fundo partidário para utilizar e sem tempo de propaganda na tevê para negociar, a possibilidade de formação de alianças eleitorais do Solidariedade ficaria muito prejudicada. 

Por meio da assessoria de imprensa, Paulinho afirma que o ato em celebração ao Dia do Trabalho, que será realizado em conjunto com CTB, UGT e Nova Central, terá como principais bandeiras comuns o fim do fator previdenciário, a jornada de 40 horas semanais sem redução de salários e a ampliação do investimento público. No entanto, outro ponto na pauta de reivindicações, que não foi acertado com as demais centrais, promete ser o que fará mais barulho no ato comandado pela Força Sindical: a proposta de um gatilho de reajuste salarial automático a cada vez que a inflação chegar a 3%. Paulinho informa que a direção da central ainda discutirá os detalhes da proposta de reajuste automático. “Mas isso já faz parte da pauta dos nossos sindicatos que já estão em campanha salarial”, diz o sindicalista.

Se as presenças se confirmarem, o ato da Força Sindical reunirá pela primeira vez Aécio Neves e Eduardo Campos sobre um mesmo palanque. A aproximação interessa ao senador tucano, que na semana passada saudou “a chegada do PSB à oposição”, após a veiculação do programa nacional do partido, no qual Campos teceu inúmeras críticas ao governo federal. Campos demonstrou não ter gostado da aproximação sugerida por Aécio. “Ele quer que eu faça o trabalho dele”, teria dito o governador de Pernambuco. Diferenças à parte, Campos e Aécio defenderão conjuntamente, durante o 1º de Maio em São Paulo, o fim da reeleição para presidente da República e a extensão do mandato presidencial de quatro para cinco anos. Ambas as bandeiras são rejeitadas por Dilma, assim como pelo PT e pelo PMDB.

Audiência com Barbosa

As presenças do tucano e do socialista no ato da Força Sindical já eram esperadas, mas a surpresa ficou por conta da confirmação da participação da ex-petista e ex-militante da CUT Marina Silva, pela primeira vez em um ato da central. Apesar de historicamente não ter proximidade política com Paulinho, a ex-senadora passa por situação semelhante à do deputado, pois quer viabilizar um novo partido, a Rede Sustentabilidade, mas esbarra nas dificuldades trazidas pelo PL 4.470.

Marina confirmou sua participação durante o ato ontem (28) em Belo Horizonte, onde passou o dia coletando assinaturas de apoio. Os militantes pela criação da nova legenda já teriam conseguido coletar 250 mil assinaturas.

Com Paulinho, Marina deverá tratar também da audiência que pretende solicitar com o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, ainda esta semana. Ela quer apresentar a Barbosa sua visão de que o PL apoiado pelo governo é inconstitucional e pedir que o tribunal não deixe que as atuais regras para criação de partidos não sejam dificultadas. “Espero que o pleno do Supremo possa se posicionar favorável àquilo que é a constitucionalidade”, disse.