PSC resiste a pressões e indica pastor para Comissão de Direitos Humanos

Anúncio deve ser feito ainda hoje (5) pelo líder do partido, André Moura, ao plenário da Câmara; Marco Feliciano toma posse amanhã

São Paulo – O líder da bancada do PSC na Câmara, André Moura, confirmou hoje (5) a indicação do deputado paulista Marco Feliciano para ocupar a presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Casa. “Houve muito debate, posições divergentes dentro do partido, mas a maioria optou pela escolha de Marco Feliciano”, disse à RBA. “Tenho certeza de que vai desempenhar o papel com muita competeência.” Conheça as ideias do parlamentar aqui.

O partido cristão obteve o direito de dirigir a Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara após acordo entre as maiores bancadas parlamentares, costurado na quarta-feira (27), e uma “mudança de prioridades” do PT, que até agora detinha a presidência da comissão. Marco Feliciano, que é pastor evangélico e apresentador de tevê, manifestou sua disposição em assumir o cargo um dia depois da reunião de líderes. A candidatura gerou imediatas reações em setores ligados ao movimento LGBT devido à sua radical oposição aos direitos dos homossexuais, como a união civil de casais do mesmo sexo – que o parlamentar prefere chamar “privilégio”.

Mas a repercussão da possível indicação do pastor não influenciou na escolha do PSC. “A decisão da bancada foi o fator decisivo”, anota. “Marco Feliciano assumiu compromisso com o partido de trabalhar para o fortalecimento da comissão, dando direito semelhante a todos os interessados em discutir e participar. Vai permitir a participação de todos.”

‘Não seremos cúmplices’

Parlamentares historicamente ligados aos direitos humanos – e que fazem parte da comissão – ainda não se deram por vencidos. É o caso da petista Erika Kokay, deputada pelo Distrito Federal, que em entrevista à RBA promete reunir-se entre hoje e amanhã com colegas mais “progressistas” para encontrar uma maneira de impedir, dentro dos regimentos da Câmara, a posse de Marco Feliciano.

“Não votraremos nele porque temos compromisso com a luta pelos direitos humanos no país”, afirma, antecipando o que deve ocorrer amanhã (6) durante a primeira sessão da Comissão de Direitos Humanos e Minorias sob a presidência do pastor. “Sua indicação é uma desmoralização para o parlamento, para as lutas sociais e para o próprio Brasil, porque algumas organizações internacionais já manifestaram preocupação com o fato.”

De acordo com Erika Kokay, as consequências da indicação de Marco Feliciano vão além da disputa partidária. “É uma desmoralização para a própria instituição”, continua. “O pastor manifesta posturas que vão de encontra à defesa dos direitos mais básicos da pessoa humana. É um escárnio para com a população.” Para imped-lo, a petista cogita inclusive a possibilidade de deixar a comissão. “Não podemos ser cúmplices dessa irresponsabilidade.”

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