Deputados vão ao STF contra Feliciano na Comissão de Direitos Humanos
Parlamentares de PT, Psol e PSB vão argumentar ao Supremo que sessão que elegeu deputado feriu regimento da Câmara ao ser fechada para impedir presença de manifestantes
Publicado 12/03/2013 - 16h21
Domingos Dutra (ao centro), que até a semana passada presidia a comissão, afirmou que a sociedade não se aquieta com o nome de Feliciano (Foto: Luis Macedo. Agência Câmara)
São Paulo – Um grupo de parlamentares decidiu hoje (12) recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra a eleição do deputado Pastor Marco Feliciano (PSC-SP) à presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minoras da Câmara. Eles pretendem anular a sessão que elegeu o deputado, no último dia 7, alegando desrespeito ao regimento interno, pelo fato de a reunião ter sido fechada a manifestantes. O relator do processo é o ministro Luiz Fux.
“O regimento é claro ao determinar que todas as reuniões são públicas, salvo deliberação em contrário. Não houve nenhuma deliberação do colegiado nesse sentido”, afirmou a deputada Erika Kokay (PT-DF). “A sociedade brasileira não vai se aquietar com essa indicação”, disse Domingos Dutra (PT-MA), presidente da comissão até a semana passada.
- Pastores divulgam carta contra Feliciano; PSC pode rever indicação para CDHM
- Deputados querem reverter domínio conservador na Comissão de Direitos Humanos
- Ex-ministro de Direitos Humanos fica em comissão para evitar ‘desmoralização’
- Secretário de Direitos Humanos de SP critica pastor no comando de comissão
- Para Vannuchi, ‘rolo compressor’ do PSC prejudica política de direitos humanos no país
- Deputados de esquerda querem formar comissão ‘paralela’ de Direitos Humanos
- Feliciano assume Direitos Humanos e esquerda se retira da comissão
- Em vídeo, deputado-pastor pede doações aos fiéis: ‘deram cartão, mas e a senha?’
- Após bate-boca, eleição para Comissão de Direitos Humanos será a portas fechadas
- PSC resiste a pressões e indica pastor para Comissão de Direitos Humanos
- Evangélicos se opõem à indicação de pastor para presidir Comissão de Direitos Humanos
- Líder do PSC insiste em ter o comando da Comissão de Direitos Humanos
- Bancada do PSC define à tarde presidente da Comissão de Direitos Humanos
- PT tentará convencer PSC a não indicar pastor para Direitos Humanos da Câmara
- ‘Mudança de prioridade’ do PT pode levar conservador ao comando dos Direitos Humanos da Câmara
Os deputado contrários à eleição de Feliciano também começaram a colher assinaturas para formar uma frente parlamentar, que funcionaria como uma espécie de “comissão pararela”, segundo o deputado Chico Alencar (Psol-RJ). Para coordenar esse novo colegiado, foi indicado a deputada Luiza Erundina (PSB-SP). Além disso, o grupo pretende insistir com o líder do PSC, André Moura (SE), para que o partido mude o nome indicado para a presidência da CDH. Eles também pretendem questionar a Mesa da Casa sobre a proporcionalidade partidária na comissão, já que o PSC tem 15 dos 513 deputados e ocupa cinco das 25 vagas na CDH, cedidas por PSDB, PMDB e PP.
Moura disse que a bandada do PSC se reuniria agora à tarde para avaliar a manutenção de Feliciano na presidência da comissão. “Sinto que é preciso dialogar. Contudo, a Câmara dos Deputados e o PSC precisam estar em sintonia com o sentimento da sociedade brasileira”, afirmou, em nota divulgada pelo partido. Mas o líder já havia manifestado convicção sobre o bom desempenho de Feliciano na CDH. “Temos plena confiança que deputado Feliciano desempenhará o cargo com eficiência e respeito a todas as correntes de opinião.”
Já o líder do PT na Câmara, José Guimarães (CE), afirmou hoje que o partido não abriu mão da presidência da comissão, apenas respeitou a proporcionalidade partidária. “O PT pensou que ficaria com quatro comissões e escolheu as comissões de Constituição e Justiça e de Cidadania, de Seguridade Social e Família, de Relações Exteriores e de Direitos Humanos. “Mas, pelos critérios de proporcionalidade, ficamos com apenas três.” Para Moura, do PSC, “o PT deveria ter refletido antes, ao não ter priorizado a Comissão de Direitos Humanos”.
Aproximadamente 300 manifestantes fizeram protesto no Salão Branco da Câmara contra a eleição de Feliciano. Antes de ocupar o salão, eles deitaram a no chão de um dos corredores de acesso ao plenário, impedindo a passagem.
Com informações da Agência Câmara