Rio de Janeiro – Por 18 votos a 16, deputados e senadores que integram a Comissão Parlamentar de Inquérito que investiga as ramificações criminosas do grupo controlado pelo contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, rejeitaram hoje (18) o relatório final elaborado pelo deputado Odair Cunha (PT-MG). O documento pedia o indiciamento de Cachoeira e também do governador de Goiás, Marconi Perillo, e do ex-dono da Construtora Delta, Fernando Cavendish, entre outras 38 pessoas.

A rejeição ao relatório de Cunha foi articulada pelo PSDB, com o apoio do PMDB e de pequenos partidos. Um dos que mais se empenhou pela derrubada do texto, o senador tucano Álvaro Dias (PR) afirmou que não havia sentido em se investigar apenas Perillo: “A blindagem se estabeleceu para proteger o governo federal”, disse.

Entre os parlamentares governistas, a sensação é de derrota, já que, para garantir a aprovação do relatório, Cunha havia recuado e retirado do texto final diversos pedidos de investigação ou de indiciamento, entre eles os dirigidos ao procurador-geral da República, Roberto Gurgel, e ao jornalista Policarpo Júnior, da revista Veja.

Apresentaram votos em separado o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) e os deputados Onyx Lorenzoni (DEM-RS), Rubens Bueno (PPS-PR) e Luiz Pitiman (PMDB-DF). O deputado brasiliense chegou a apresentar um relatório alternativo, no qual critica a CPI e pede que mais investigações sejam conduzidas pelo Ministério Público Federal e pela Polícia Federal, para onde serão levados os resultados da quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico dos investigados.

Odair Cunha lamentou o fim melancólico da CPI: “As conclusões são um nada, um vazio, uma pizza geral, lamentável. Apesar de todo o esforço, nós fomos derrotados pela blindagem em favor de Marconi Perillo e da empresa Delta”, disse.

O senador Randolfe, por sua vez, classificou como “pior do que pizza” o resultado final dos trabalhos da comissão: “Os governadores Sérgio Cabral e Marconi Perillo, além da empreiteira Delta, se uniram para derrotar o relatório e impedir que a investigação seguisse em frente. O dia de hoje ficará como o dia da infâmia. Um dia em que o Congresso Nacional brasileiro protagonizou uma das maiores vergonhas da sua história”.

Apesar da tentativa de costura de um acordo nos últimos dias, horas antes da votação já prevalecia entre os integrantes da CPI a visão de que o relatório de Cunha era incompleto e não deveria ser aprovado. Parlamentares do PSDB se queixavam do não indiciamento dos governadores do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), e do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB). Outros parlamentares pediam o indiciamento dos governadores do Tocantins, Siqueira Campos (PSDB) e do Mato Grosso, Sinval Barbosa (PMDB). Em ambos os lados, a convicção de que as investigações sobre a Delta poderiam ter ido mais longe.

Com agências