TJ-SP adia mais uma vez julgamento de Barros Munhoz, acusado de corrupção

Desembargador que havia pedido vistas do processo há duas semanas está em Aracaju no Encontro do Poder Judiciário. Ausência impediu votação

São Paulo – O julgamento do deputado estadual Barros Munhoz (PSDB) ocupava o primeiro item da pauta que guiou a reunião de hoje (7) do Órgão Especial do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), mas não foi dessa vez que a Corte paulista decidiu se o presidente da Assembleia Legislativa será condenado ou absolvido pelo crime de corrupção. Barros Munhoz é acusado pelo Ministério Público por ter descumprido a Lei de Licitações durante sua gestão como prefeito de Itapira, a 170 quilômetros da capital, entre 2001 e 2004.

Os desembargadores poderiam ter solucionado a questão há duas semanas, mas três magistrados pediram vistas do processo e o julgamento foi transferido para hoje. No entanto, um dos juízes que haviam adiado a decisão – Luís Soares de Melo – não compareceu à sessão do Órgão Especial nesta quarta-feira. O desembargador está em Aracaju (SE) representando o TJ-SP no 6º Encontro Nacional do Poder Judiciário. A ausência impediu que o caso do deputado tucano fosse julgado, uma vez que quem pede vistas de um processo tem prioridade na hora de manifestar seu voto.

A decisão sobre as supostas irregularidades cometidas por Barros Munhoz na contratação de uma gráfica para prestar serviços públicos – à prefeitura de Itapira – e pessoais poderá ser conhecida na próxima quarta-feira (14). Normalmente, as reuniões do Órgão Especial ocorrem quinzenalmente. Contudo, devido ao feriado do dia da Consciência Negra, no dia 20, os desembargadores decidiram antecipar o encontro. Mas nada garante que o caso de Barros Munhoz seja julgado já na próxima sessão. Caso um dos magistrados que pediram vistas do processo não compareça, o tucano dificilmente conhecerá seu veredicto.

Até agora, além de Luis Soares de Melo, três juízes pediram mais tempo para avaliar os autos: Almeida Guilherme, Paulo Dimas e Samuel Junior. Dos 25 desembargadores que compõem o Órgão Especial, apenas dois já declararam seus votos. José Renato Nalini, que é o relator do caso, pediu a condenação de Barros Munhoz e determinou uma pena de seis anos, que pode ser comutada para serviços comunitários. O revisor do processo, Kioitsi Chicuta, também já se manifestou, pedindo a absolvição do deputado, aliado histórico de José Serra e um dos líderes do governo Geraldo Alckmin na Assembleia Legislativa.

O caso

O processo que corre contra Barros Munhoz no Órgão Especial do TJ-SP possui mais de 600 páginas. De acordo com o jornal O Estado de S. Paulo, o Ministério Público, que acusa o tucano de corrupção, diz que, quando prefeito de Itapira, o deputado contratou uma gráfica sem abrir concorrência para serviços da administração e para promoção pessoal. No voto em que pede a condenação do deputado, José Renato Nalini afirma que Barros Munhoz feriu o artigo 89 da Lei 8666/1993, a chamada Lei de Licitações, por ter dispensado ou inexigido licitação fora das hipóteses legais. O desembargador também sustenta que o deputado descumpriu o Decreto Lei 201/67, que define o crime de responsabilidade de prefeitos.

“Estou absolutamente tranquilo, sereno, confiando que serei absolvido”, disse Barros Munhoz à RBA no último dia 24 de outubro, minutos antes do debate realizado pelo SBT e UOL na sede da emissora, e que colocou frente a frente os candidatos que disputaram o segundo turno das eleições em São Paulo. “As provas demonstram claramente que não houve absolutamente qualquer tipo de irregularidade.”

Caso seja considerado culpado pela corte paulista, Barros Munhoz tem o direito de recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) e ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), que analisarão se a decisão do TJ-SP feriu algum preceito legal ou constitucional. “Essa é uma hipótese que não quero mencionar”, afirmou o deputado ao ser perguntado sobre se iria recorrer de um possível veredicto desfavorável. “Sem dúvida alguma [irei]”, respondeu. “Mas nem imagino isso. Tenho absoluta certeza de que serei inocentado.”

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