PSD e PV ameaçam ‘melar’ maioria de Haddad na Câmara Municipal

Membros do 'bloco', formado por PSD, PV e PSB, alegam que intenção do PT de presidir a Casa não foi discutida com outras bancadas e falam em manter Police Neto (PSD) no cargo

São Paulo – Apresentada hoje pelo PT, a proposta de proporcionalidade entre os partidos para definir os integrantes da mesa diretora da Câmara de São Paulo não agradou a membros do chamado “bloco”, formado pelos vereadores reeleitos do PSD (sete), do PV (quatro) e do PSB (três). Juntos, os parlamentares do bloco formam a maior bancada do Legislativo, com 14 membros, acima dos 11 vereadores do PT e dos 9 do PSDB que foram eleitos para o mandato 2013-2016, e já ameaçam impor dificuldades também a projetos de interesse do prefeito eleito, Fernando Haddad.

A proposta petista foi anunciada na manhã de hoje (07) pelo vereador Antonio Donato (PT) após reunião com Haddad. Ela prevê que a composição da mesa seja feita de acordo com as maiores bancadas, o que coloca o PT na Presidência e o PSDB na Secretaria-Geral do Legislativo.

Para o líder do PSD na Câmara, Marco Aurélio Cunha, a proposta do PT não foi discutida com os vereadores antes de ser formalizada por Donato. “Da maneira como foi feita, esta proposta é uma imposição do PT e eu, particularmente, não aceito imposição de ninguém. Não tenho problema em dar a presidência ao PT, mas esta discussão tem de ser feita de forma equilibrada e de acordo com as bancadas, com os vereadores, não imposta de maneira vertical”, disse ele.

O PSD, partido fundado no ano passado pelo atual prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, tem dado sinais de disposição em compor a base de apoio a Haddad no Legislativo, mas, segundo Cunha, isso não significa dar apoio fácil ao PT. “Nós não vamos apoia irrestritamente e também nãoseremos oposição, vamos atuar pelo bem da cidade”, disse o vereador.

Roberto Tripoli (PV), vereador mais votado na cidade (132 mil votos), disse que o critério de proporcionalidade defendido pelo PT é questionável. “Este bloco (PSD, PV e PSB) é a maior bancada da Câmara. Também podemos argumentar que a composição seja feita com base na propocionalidade de votos por vereador, por exemplo”, disse. Tripoli também aponta a falta de diálogo do PT sobre o critério da proporcionalidade com as outras bancadas e outros parlamentares antes de anunciar que tem intenção de assumir a presidência da casa.

Gilberto Natalini (PV) alega que, tradicionalmente, o partido que tem a maior bancada fica com a presidência, mas que há um clima favorável na Câmara para que o atual presidente do Legislativo paulistano, Police Neto (PSD), permaneça na função em 2013. “Há duas vertentes em discussão entre os vereadores. A primeira é de termos um vereador do PT na presidência, seguindo o critério da proporcionalidade apresentada pelo partido, e a segunda é de manter o atual presidente no cargo, que conta com a simpatia de muitos parlamentares por ter feito um bom trabalho na casa”, afirmou. 

Orçamento 

Roberto Tripoli é apontado na Câmara como o parlamentar que vai assumir a função de relator do projeto que trata do orçamento da prefeitura para 2013. A nomeação tem de ser feita pelo presidente da Comissão de Finanças e Orçamento. Entre as prioridades mais urgentes da bancada petista estão a inclusão em um projeto substitutivo à peça orçamentária enviada à Câmara por Kassab em setembro de propostas feitas per Haddad, como o Bilhete Único Mensal e o fim da taxa de inspeção veicular. Os gastos com as duas propostas feitas por Haddad em sua campanha eleitoral são estimados em R$ 540 milhões, o que cabe folgadamente no índice de 15% de remanejamento que o prefeito pode fazer entre as dotações do Orçamento.

Em nota divulgada na tarde de hoje, Fernando Haddad defendeu a proposta da proporcionalidade para definir a mesa diretora da Câmara em 2013. Haddad também menciona a “importância” de uma base governista “forte e estável” no Legislativo municipal para dar suporte à prefeitura em votações importantes, principalmente em temas ligados ao projeto de reforma urbana Arco do Futuro, que consta de seu programa de governo. O prefeito também informa que vai pedir um estudo sobre a situação orçamentária da prefeitura e a previsão de receitas extras oriundas de parcerias com os governos estadual e federal.