Em coletiva, Haddad diz que nomeações refletem proposta por governo de coalizão

Prefeito eleito diz que em seu governo tentará consolidar 'um novo relacionamento' entre Executivo e Legislativo

Prefeito eleito afirmou, em coletiva, que não há problema com a indicação de um nome do PP para seu governo (Foto: Diogo Moreira/Frame/Folhapress)

São Paulo – Em entrevista coletiva concedida hoje (28) pelo prefeito eleito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), logo após anúncio de mais sete secretários de seu governo, ele disse que não há problema com a provável nomeação de um representante do PP no governo municipal. “Está tudo andando normalmente”, garantiu. Sobre qual pasta o PP assumiria, Haddad afirmou que está discutindo com o ministro das Cidades, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB). “Habitação é uma possibilidade, mas há outras”, afirmou. Nos últimos dias, ante essa alternativa, movimentos sociais têm protestado na cidade. 

Foram anunciados os vereadores Chico Macena (PT), para a Secretaria de Coordenação de Subprefeituras; Netinho de Paula (PcdoB), para a Promoção da Igualdade Racial; Roberto Tripoli (PV), Secretaria do Verde e Meio Ambiente; e Eliseu Gabriel (PSB), na pasta de Desenvolvimento Econômico e do Trabalho. Além deles, foram anunciados o deputado estadual João Antonio (PT) para a Secretaria de Relações Governamentais, a advogada Luciana Temer (do PMDB e filha do vice-presidente da República, Michel Temer) como secretária de Assistência Social e a médica Marianne Pinotti (PMDB) para a de Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida.

Perguntado se as nomeações de membros do PSB, PCdoB, PMDB e PV anunciadas hoje fazem parte das estratégias para a formação de uma base na Câmara Municipal, Haddad disse que “às vezes as pessoas fazem uma leitura equivocada de conceitos da política” e afirmou que sua proposta de governo foi discutida em toda a campanha eleitoral. “Pretendo fazer um governo de coalizão. Os partidos foram todos consultados. Não é um governo de toma lá, dá cá, mas um governo de corresponsabilidade. O governo vai ter uma base aliada ampla, a cidade precisa dessa base”, disse.

Segundo ele, os projetos mais urgentes para ser aprovados – como reforma urbana, tributária e “várias medidas de largo alcance” – dependem de uma nova forma de diálogo entre governo e Câmara. “Queremos mudar o padrão de relacionamento. Pressupõem-se que esses partidos [representados em seu secretariado] estão assumindo a responsabilidade pelo governo. São corresponsáveis com o PT” afirmou. “Os partidos que estão aqui são partidos do governo, não da base do governo. Estão assumindo uma responsabilidade coletiva pelos destinos da cidade. Queremos fazer e discutir a grande política.”

Com um discurso conciliador, o prefeito eleito afirmou que pretende com seu governo “criar uma cultura de maior diálogo”, inclusive quando fala da oposição. “No Ministério da Educação, nunca tive problemas em aprovar os projetos da educação com os votos da oposição. PSDB, DEM e PPS, com uma exceção, votaram em mais de 40 projetos de lei do MEC e duas emendas constitucionais.” 

De acordo com Haddad, isso mostra que “toda a reforma educacional” de sua gestão foi aprovada com os votos de partidos da oposição. Segundo ele, o diálogo entre o Legislativo e a sociedade organizada vai “garantir o clima na Câmara de produção legislativa para mudar a cidade”.

Esportes

Haddad comentou sobre as especulações de que Andrés Sanchez – demitido hoje do cargo de diretor de Seleções da CBF – assumiria a pasta dos Esportes. “Não tive nenhum contato com ele, nem ele comigo. Ele próprio declarou hoje que não sabe de onde saiu essa conversa. A especulação não procede”, afirmou o prefeito sobre o ex-presidente do Corinthians, que participou de sua campanha eleitoral.

Haddad disse também que “provavelmente” vai ter d pensar em outro nome para assumir a Educação, já que a secretária da mesma pasta em São Bernardo do Campo, Cleuza Repulho, cotada para vir para São Paulo, deve ficar mesmo no governo de Luiz Marinho. “Eu a sondei, isso é de conhecimento público, mas tem duas questões que não posso desconsiderar. Primeiro é o prefeito Luiz Marinho, que me disse: ‘vamos descobrir um santo para cobrir outro’. Outra coisa é que a Cleuza preside a Undime (União dos Dirigentes Municipais de Educação), e ela teria de deixar a presidência”, explicou.

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