Serra é multado por campanha dentro de templo evangélico

Tucano e pastor usaram púlpito para pedir voto, ferindo isonomia e equilíbrio

São Paulo – O Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo multou em R$ 5 mil a campanha do candidato a prefeito José Serra (PSDB), por ter feito propaganda em um templo religioso. A decisão foi tomada na terça-feira (9) pelo juiz Manoel Luiz Ribeiro, a pedido do Ministério Público Eleitoral. Cabe recurso.

Segundo a sentença, o pastor da Igreja Apostólica Maravilha de Cristo, identificado em vídeo na internet como Atalaia, referiu-se ao tucano como “futuro prefeito de São Paulo” e pediu votos ao candidato. “Eu quero falar sobre esse homem, José Serra, que tem história. Foi o melhor ministro, José Serra, um grande governador, fez tudo pela cidade de São Paulo, foi um grande prefeito”, diz o pastor durante o culto. O pastor também fala que Serra saiu da prefeitura, em 2006, para ser governador e que foi muito bem votado para o posto.

“Além da propaganda irregular feita pelo pastor, o próprio candidato subiu ao púlpito e fez propaganda eleitoral em benefício próprio, mencionando sua candidatura, com pedido de voto”, escreveu o juiz.

“Nós queremos uma proximidade por uma razão básica. Quem precisa do governo não é a igreja, o governo é que precisa da igreja. Eu tenho dito isso sempre, em toda a minha vida. Por quê? Porque nós precisamos ter valores na sociedade, nós precisamos ter princípios. Isso é o contrário do país da permissão. Precisamos ter parceria, precisamos tratar daqueles que são vulneráveis, das crianças, dos idosos, dos dependentes químicos, isso o governo não sabe fazer”, afirmou Serra durante seu discurso na igreja. O tucano também falou sobre sua saída da prefeitura e as obras realizadas pela gestão Serra-Kassab.

A lei eleitoral proíbe esse tipo de conduta durante a campanha eleitoral para “garantir tratamento isonômico e manutenção do equilíbrio entre os candidatos”.

A assessoria da campanha de Serra informou que não vai comentar decisão judicial. No processo, a defesa do candidato questionou a validade do vídeo que foi usado como prova e alegou inexistência de irregularidade.

Mais ônus que bônus

José Serra, que veio recebendo o apoio de líderes evangélicos, parece agora estar tentando se esquivar disso. Na quarta-feira, José Serra buscou desvincular-se do Pastor Silas Malafaia, que fez um vídeo de apoio ao candidato e contra o candidato Haddad. “Eu não assumi nenhum compromisso com o pastor Malafaia. Ele não pediu nada em troca. As várias questões que ele coloca não são parte da campanha. Ele quis me apoiar, eu aceito”, afirmou.

No primeiro turno, Serra foi visto fazendo visitas a diversas igrejas, entre elas, a igreja Mundial do Poder de Deus, no templo do Brás, zona leste da cidade. Depois de noticiado o acontecimento na mídia, Serra defendeu sua estratégia de aproximação com líderes religiosos, especialmente os evangélicos. “São setores da sociedade. É muito importante você se aproximar, conversar, falar, expor suas ideias. É legítimo”, afirmou ele, na época.

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